9.5.23

 x, hoje, disse “não”. foi um “não” que já se anunciava há muito, e com o qual x andou a fazer as pazes mais de um ano. x disse “não”, e deixou quatro pessoas hirtas sem saber bem o que lhe responder. x disse “não” para não dizer “foda-se”. isto deve querer dizer que x já é crescida. x saiu da sala da mesma forma que entrou, de cabeça erguida e absolutamente convencida da sua razão. e deixou para trás quatro pessoas hirtas a fazer contas à vida e certamente a pensar na palavra que x substituiu com um simples “não”.

5.5.23


Mono - Breathe

sobre coisas que fazem x sonhar (talvez) mais do que os demais. coisas que fazem x vaguear algures. talvez demasiadas vezes. e ainda bem.

 

25.4.23


sol e muito silêncio intercalado por algumas gargalhadas. noites inquietas, cheias de tudo, de risos e de lágrimas e das cores todas da aurora boreal. dias de revelações. e de despedidas que se reafirmaram. fantasmas a tentar remexer tudo. sem sucesso. porque a única certeza que ficou foi que todo o mal não se esquece. mesmo que compreendamos as razões. e os deitemos a dormir, em paz. não nos perturbam agora no sítio que sabemos nosso. mas andam a rondar. quase sempre. talvez em desespero. ou talvez não. nunca saberemos ao certo. mas agora também já não importa. abram-se as portas e deixe-se circular o ar novo.

 

10.4.23

apareceu assim, sem contar, em modo de resposta às ânsias de x por algo que a tirasse do chão. e x teve um daqueles momentos de impulso que já há muito não tinha. e, num sopro, o sangue começou a correr mais vivo nas veias. algures em junho, x vai ser mais feliz do que o costume. até lá vai acabar de recuperar as asas que ficaram cansadas pelo caminho.

10.3.23


A Perfect Circle - When The Levee Breaks

sobre coisas bonitas. e simples. mas cheias. coisas bonitas, simples, mas cheias. só isso. e isso é tudo. 
 

28.2.23

x sabe que está num momento particular, em que x irradia uma espécie de luz. e x sabe também que essa luz se expande e chega a sítios meio improváveis. mas o que x não sabia é que alguém que há muito fez parte da sua vida diária, mas com quem nunca teve especial intimidade, hoje havia de contactar x para dizer algo como “estou num momento difícil, tenho de mudar de vida, e a primeira coisa que me lembrei foi pegar num caderno que me ofereceste há muito, para apontar o meu novo destino. porque tu x, és uma fonte de inspiração.” x ficou ali uns segundos pasmada, e depois pensou “não é nada que não estivesses à espera x, prepara-te para o resto que mais virá por ai.”

19.1.23


x sabe há muito que os altos e baixos são sequênciais. que vão. que vêm. e que poucos ficam. e que as mais das vezes ficamos ali no limbo do "lado nenhum". mas já há uns tempos que x está num estado assim: de profunda calma interior, temperada por uma espécie de bliss que x não consegue explicar facilmente aos demais. mas este senhor explica em palavras simples: "when I know what I am at my deepest level, and that level never changes, its a feel-good level, it's a level that constantly issues forth a feeling of baseline hapiness."

bem-vindo 2023!

22.12.22

 



 
Hammock - When it hurts to remember

(hoje, x está demasiado cansada para escrever sobre isto. mas ainda tem força bastante para dizer algo como “mas chega o dia em que passa e depois lembrar só causa um leve sorriso de esguelha e um suspiro momentâneo”)

14.12.22


 Hammock - Mysterium

porque x vai mantendo a sanidade assim, no meio de de coisas como esta. porque o mundo lá fora tem demasiado ruído -  é confuso e aborrecido ao mesmo tempo. 

7.11.22


 Robyn - Dancing on my own

naqueles dias aborrecidos, em que nada satisfaz, e as pessoas parecem todas cinzentas e sem graça, pôr uns bons fones com isto no volume máximo faz magia. pelo menos no caso de x fez. x passou o fim de semana assim: de calções e top descasados, com o cabelo apanhado em totós rebeldes empinados, descalça, e a saltar pela casa como se o mundo fosse acabar no momento seguinte. 

soube bem.

1.11.22

Boggie Belgique - Avenoir

x tem tanto, mas tanto, o que fazer... e a vontade é quase nenhuma. o trabalho vai-se acumulando e tudo fica meio descontrolado. mas x não se tem importado muito porque, desde há dias, que a única vontade que tem é algo como oscilar entre um estado meio sonho e dançar pela casa ao som de coisas bonitas. hoje x está neste tom. tem os olhos muito brilhantes e um sorriso meio estúpido na cara. 



 

28.10.22


 Sigur Rós - Glósóli

depois de meia dúzia de meses estranhos, com ritmos de trabalho em solavancos - ora ia ora vinha -, com um projecto meio doido, e de montar uma equipa a partir de quase nada, com algumas acções engraçadas mas que deram um trabalho desproporcional e que não se vê...

depois da exaustão física e mental, e de x estar em modo bastante zangado com várias coisas, de dois meses e mais qualquer coisa em guerra surda, depois de meter medo a quem interessa com a perspectiva de x mudar de vida de vez, depois de umas semanas de férias para pensar no que podia ser a seguir, depois de um grupo enorme de gente em pânico a ver qual seria o próximo passo, depois de quem interessa dar, mais ou menos, o braço a torcer...

depois de fazer o desapego final de uma série de coisas...

x voltou à vida com um poder acrescido de fazer o que quer, como quer, com quem quer e da forma que quer. 

e hoje x tem um projecto novo em mãos que vai obrigar x a aprender uma série de coisas absolutamente novas num país absolutamente desconhecido para x e com uma língua que x não domina de todo. e a esse juntam-se uns quantos mais no pais com que x trabalha há muitos anos e que é a sua segunda casa, onde x tem não só amigos mas pessoas de quem gosta muito, com quem se ri todos os dias e que todos os dias ensinam a x que o mundo é, afinal, pequeno.

depois de semanas de encontros e desencontros, de conversas difíceis, pessoas de antes a aparecer vindas não se sabe bem de onde e, sobretudo, uma pessoa de há tanto tempo e que durante tanto tempo se manteve em silêncio ter voltado a procurar x e passar a ligar-lhe todas as semanas quase so para ouvir a voz calma de x a dizer que “vai correr tudo bem”...

depois de pessoas novas que são hoje pessoas que importam muito a x provarem que x, apesar de anti-social, tem algum jeito para escolher companhias...

depois de noites sem dormir, e de noites dormentes com sonhos cheios de imagens confusas que so ficavam ainda mais confusas com a luz do dia...

depois de tanta coisa que aconteceu nos últimos tempos x sente de novo que tem os pés no ar. 


23.10.22


Woodkid - In your likeness

x tem a sorte de, na viagem - quase sempre a solo - que têm sido os últimos 15 anos (os mesmos desde o nascimento deste blog) ter encontrado ao longo do caminho algumas pessoas que deram sentido ao trajeto. algumas mais circunstanciais que outras. mas todas, em algum momento fizeram chegar a x algo que x precisava. 

como este som, que chegou a x ontem, no meio de um turbilhão de coisas que precisavam de ganhar sentido. era isto que x precisava de ouvir, o som, não tanto a letra. a letra já teve muito a ver com o que x viu por dentro em tempos. hoje x vê as coisas de modo algo diferente. o som sim, tem muito a ver com o momento atual de x - o olhar para trás em modo de exercício de despedida do padrão que se conhece demasiado bem, a resignação e, também, uma certa esperança que nasce do caos e faz com o que o horizonte se mostre de novo ao longe. 

x está nesse sitio agora e sabe que do lado de lá está uma página em branco.

x chegou ao fim de um caminho que pareceu sempre demasiado difícil e demasiado longo. mas x chegou ao fim. e está agora à porta do resto que vem.

e a única certeza que x tem é esta: it’s time to go. somewhere. anywhere but here. 

20.10.22

 x está a ter uma semana esquizofrénica. x está bem. bastante bem até. mas à sua volta o mundo começou a girar e parece que x se tornou uma espécie de buraco negro que absorve todas as particulas aleatórias há muito perdidas que, irremediavelmente se espetam na cara de x com violência despropositada. 

hoje x não atendeu um telefonema. o telefone tocou. x ficou a olhar para o nome enquanto ouvia o toque insistente. mas x não atendeu. custou-lhe, mas a força de x não é infinita. e x já teve que chegue esta semana.

a vida de x, em regra, é calma, plácida e até bastante aborrecida. mas quando o novelo se começa a desfazer, desfaz-se tudo ao mesmo tempo. e à velocidade da luz. 

por isso, hoje, x não atendeu o telefone, e optou por ir até algures refugiar-se em sons bonitos. 


14.10.22

 x acabou de ter uma conversa que devia ter tido lugar há mais de 20 anos. confirmando tudo, absolutamente tudo, o que x sabia há muito, e do que x fugiu durante muito tempo. há mais de 20 anos, esta conversa não aconteceu por causa das circunstancias e da imaturidade. hoje x teria preferido que esta conversa não tivesse acontecido, porque significaria que x não se sentiria responsável por alguém ser infeliz. hoje x está absorta, triste… mas aliviada ao mesmo tempo. porque x sempre soube, como x hoje sabe outras coisas que pode ser que fiquem esclarecidas daqui a mais 20 anos.

10.10.22


Anathema - The Lost Song Part 2

depois de uma longa noite de insónia, o primeiro som que se cruzou com x foi isto... em tom de recado, para que x não se esqueça que o nada é cheio de tanta coisa.

in a lifetime
there's a moment
to awaken

....

and one day you'll feel me 
in a whisper upon the breeze
and I'll watch you stand there
unafraid


4.10.22

 

Alan Watts + Sigur Rós - The Art of Meditation

a vida de x nunca foi difícil, sem que alguma vez fosse fácil. x já passou por coisas que muitos teriam dificuldades várias em ultrapassar. mas a vida de x nunca foi difícil, no que x entende por difícil. na verdade x sempre achou que a vida corre, sem que x se aperceba das dificuldades que todos os dias enfrenta, algumas tão enormes que só se percebem em perspectiva, à distância, fora da sobra do monstro. mas a vida de x não foi, nem é, fácil. é pesada, por vezes. complexa. cheia de nós, e de escolhas, e de sacrifícios, e de perdas. mas x, no momento, não os vê. porque ainda que x carregue o ontem e tenha os olhos no amanhã, x vive sempre no hoje, no agora. e por isso a vida de x é a resolver o imediato, o que está aqui. o ontem já não há forma de corrigir, e o amanhã ainda vem longe. isto para dizer que esta meia hora de sons tem muito em comum com a cabeça de x.

3.10.22



Sigur Ros - Popplagid

x já os viu não sabe quantas vezes. e foi sempre assim que acabaram os concertos. no dia 28, em lisboa, foi assim outra vez. mas desta vez veio agarrado com uma angustia estranha. soou a despedida. não deles. minha talvez. despedida do que foi e não voltará a ser. foi bonito, e estranho, e triste… tudo, ao mesmo tempo. 

17.9.22

não é a primeira vez que x vê a vida de quem com x se cruza a virar de pernas para o ar - normalmente, para melhor, e a uma velocidade algo incompreensível, como se todas as peças perdidas tivessem encontrado par da noite para o dia. aconteceu de novo, está a acontecer neste preciso momento. a diferença hoje é que a pessoa em questão, depois de uns dias de surpresas e a ver a vida encaixar em poucas horas e a resolver por si problemas que pareciam não ter grande resolução, veio bater à porta de x e disse “tens de ser a primeira pessoa a quem conto isto, porque acho que és tu que estás a mudar a minha vida”. x sorriu, e pensou apenas “não, não sou”. x aqui é só um polo de agregação de energia, e de tranquilidade que permite aos outros ter a calma necessária para tomar decisões. e para olhar para dentro e ganhar a confiança necessária para dar saltos de fé. x não faz milagres, x é só x.

8.9.22


Mono - Ashes in the Snow

com excepção de (quase) tudo o que sigur rós fizeram até hoje, este é o  album preferido de x. de todo o sempre. e ontem x esteve sentada no palco, extasiada, a ouvir - incluindo um medley deste album. quando deu por si, x tinha lágrimas nos olhos. são tão perfeitos que mereciam um coliseu inteiro - cheio de gente a pasmar com o génio -, e não uma sala pequenina algures em Alvalade.

22.8.22

Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa


x lembra-se da primeira vez que leu este poema. já faz mais de 20 anos. foi num dia particularmente deprimente, numa fase da vida de x em que tudo era indefinido e incerto. em que x não sabia como ia ser o futuro. x estava num café distante, de uma cidade distante. sozinha. a pensar na vida. e estas palavras apareceram-lhe à frente, em forma de postal. x sorriu, porque ali estava a resposta que há muito procurava. "não posso adiar...". e x acha que foi nesse dia que a sua vida começou a montar-se. hoje, x voltou-se a cruzar com antónio ramos rosa. como que em tom de aviso. de novo. "não posso adiar..."

19.7.22


ir de férias com ganas de partir a cara a alguém. 

voltar de férias e ter isto colado no ecran.
 

30.6.22


Taylor Swift - Time to go

x ouviu isto pela primeira vez há cerca de uma semana. por alguma razão que conscientemente x desconhecia, x ficou aqui colada. e fez-lhe sentido. passados poucos dias a razão que x conscientemente desconhecia, revelou-se. sim:

and you know in your soul
and you know in your soul
when it's time to go
...
so then you go
you just go

9.6.22


Deftones - Pink Maggit

das coisas que fazem x parar e entrar num mundo que não é bem este.

8.6.22

aqueles trabalho aborrecidos, de moer a cabeça e de levar ao vómito, voltaram. deve ser por isso que x tem dado consigo demasiadas vezes a pensar que devia era largar isto tudo, mudar-se para o campo e ter uma vida completamente diferente.