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É estranho como um sítio cheio de horrores pode ser, também, um local que irradia paz. Mas x não conseguiu tocar nas paredes que guardam em si a memória de vidas desfeitas em nome de nada. E tremeu quando percebeu que estava a entrar na câmara de gás. É uma sala estranhamente pequena para a dimensão do que nos contam como foi. Ao lado, os fornos crematórios que foram incapazes de apagar todas as provas. Provas em forma de carne humana amontoada com desdém a espera da sua vez. Falharam os fornos. Fizeram as câmaras fotográficas o favor de deixar restos para o futuro do passado que se não quer repetido. Corpos magros, pálidos, explorados e destruídos pela barbarie, pela fome, pela doença e pelas balas de um regime infame. A opressão do arame farpado disfarçado no verde imenso das redondezas. O impensável no meio da pacata cidade de ar inofensivo. "Nunca mais" está escrito algures no campo. Que tenhamos a sensatez de nunca, mas mesmo nunca, esquecer. Dachau, 2016.