19.4.18

2.16h da manhã. x chega a casa depois de um dia intenso que terminou num jantar de trabalho cheio de risos. x recuperou as ganas e a certeza que está no sítio certo.

17.4.18

hoje foi o dia em que x falou, a sala calou-se, o chefe mor suspirou de alívio e o chefe mor mor curvou-se perante x. hoje foi um dia bom. e foi o dia em que x percebeu que o seu amanhã está delineado há muito. comecou no dia em que x se dispôs a arriscar a vida. no mesmo dia em que x enterrou tudo o que tinha como certo e descobriu um enorme abismo de possibilidades. hoje foi o dia em que x percebeu que o seu futuro não é nada do que tinha antecipado. mas que passa por algo infinitamente maior. x pasma-se. mas, apesar de tudo, tenta seguir com os pés assentes no chão. x não se deslumbra mas, vendo bem, tem muitas razões para estar profundamente orgulhosa de si.

16.4.18


Epic Soul Factory - Everdream

e porque a música é o sítio onde reencontra a paz, x está desde cedo dentro deste som. 

o coração acalma. e o corpo transforma-se em milhares de arrepios prolongados.

depois, quando sente o sorriso nascer e os olhos explodir de brilho, x sabe que tudo está a ficar bem.
nas últimas horas, x foi embrulhada numa névoa que há muito já não sentia.

não é sensação nova mas causa sempre ambivalência e confusão.

é como quando temos a cabeça debaixo de água.

a sensação é de profunda liberdade, comunhão e conforto.

mas intuitivamente sabemos que temos de sair dali rapidamente sob pena de nos afogarmos.

a névoa que envolve x é como um gigantesco mar.

15.4.18


Sleeping At Last - Light

x está num momento da vida bonito. 

como se todo o percurso anterior tivesse por fim fazer com que x chegasse a este exacto sítio.

e isso é bom.

14.4.18


Ólafur Arnalds - Only the winds

x em criança era assim. vivia absorta, num mundo que não partilhava com quase ninguém. x em adulta ainda é assim. vive absorta num mundo que continua a partilhar com muito poucos.

Sigur Rós - Starálfur

o sinal estava vermelho. o trânsito estava compacto. por minutos perdi-me no silêncio e nas gentes que desciam a rua a passo lento. no meio de corpos avulsos, vi-te. davas a mão a uma criança mais ou menos da idade daquela que um dia planeamos em silêncio mas que nunca tornamos real. ias estranhamente devagar. como se a vida te pesasse. não te vi os olhos, nem os traços que cantam a alma. seguia-te nas costas como que pronta a  amparar-te a queda. ias de asas fechadas e de cabeça vergada ao chão.  depois desapareceste no escuro. então o sinal abriu. o trânsito desfez-se. e eu segui, como que obrigada pela pressa dos demais. segui. contrariada. e à procura do resto da tua imagem sem, contudo, saber se havias estado realmente ali. 

os nossos reencontros serão sempre assim - entre o real e o imaginário.