x tem aversão ao casamento. à instituição em si. mas também à festa ao vestido às flores ao arroz às fotografias... e porque tem aversão ao casamento, x recusa (quase) todos os convites que recebe. mas alguns não pode recusar, e vê-se obrigada a alinhar com a histeria colectiva em volta da coisa. no espaço de um mês, x tem dois convites. daqueles que não pode de todo recusar. x tem de ir. e x vai. algo contrariada, mas vai. x odeia casamentos. mas por razões maiores até faz o esforço e vai. agora não a convidem é para despedidas de solteira/o senão x tem um surto psicótico, foda-se!
rasguei-te a pele com os dentes, mordi-te coração e cuspi-o, limpei a boca e segui.
27.5.14
repost #12
Gosto de drama. De sabor a saliva misturada
com lágrimas. De suores colados em camas desfeitas. De latejar de veias. De
emoções violentas. De vida de carne. De sangue vermelho. Gosto de momentos sem
regras. Sem horas. Sem amanhã. Gosto de vidas agarradas em sopros. Gosto de
alturas e de vãos e pontes. De lâminas e do torpor etílico. Gosto de chãos e de
mesas. De voar. E de me pendurar como os morcegos. Gosto de dentes espetados. De
unhas que marcam e de olhares descontrolados. De urgência. De vontade. De vida
com raiva. Gosto do mundo no corpo.
repost #11
Por vezes, em silêncios longos, as imagens voltam com sinais escritos a ferro. Mas fica antes em silêncio porque já não bastam remendos. A casa ruiu. Queres antes aprender a voar?
26.5.14
20.5.14
queria escrever sobre a ressaca. mas ainda estou na fase da náusea. há toda uma readaptação física e mental que se impõe dada a ausência. a dependência de alma alheia talvez seja pior do que qualquer dependência química. não nos deixa marcas por fora. mas corrompe-nos por dentro até não termos lá nada. a não ser esta vontade de vomitar que teima em não passar.
12.5.14
repost #10
Um dia acordamos e tudo desapareceu. Nada é. Nada está. Vácuo. Só. As vozes misturam-se num interminável curso de sons imperceptíveis. Fingimos perceber. Fingimos estar. E fingimos ser o que alguém espera que sejamos, sem saber exactamente o que é isso, pois não sabemos nem quem somos, nem quem são os outros. Tentamos agarrar-nos a coisas que nos pareçam ligeiramente familiares. Tentamos olhar-nos no espelho e encontrar uma réstia de semelhança com a ideia que faziamos de nós. Mas, nada. Nada. Nada. Pedimos em silêncio que nos puxem de volta. (Parece sempre mais fácil voltar ao que se sabe do que enfrentar o que se não conhece.) Mas o abismo acena-nos promessas de tudo. E vamos. Brincam-nos com a cabeça depois. Arrancam-na. Fazem malabarismos perigosos. Voltam a pô-la no sítio por breves instantes. Mas é só para termos a certeza que nada é do que já foi. Voltam a arranca-la. E isto acontece sempre, sempre, sempre. Até percebermos que não somos nós que controlamos o movimento de vai e vem. Depois perdemos tudo. Mesmo o que antes parecia enterrado até ao centro da terra. Num plim tudo deixa de ser. Medo depois. Medo. Muito medo. Quem és tu que estás ai desse lado do espelho? Onde está o eu que tu roubaste? Confusão. Sons. Luzes. Risos. Lágrimas. Muito de tudo. E tudo muito. E, ao mesmo tempo, um vazio. Cheio. Um vazio cheio. É isso. Um vazio cheio. Descontrole. Alucinação. A certeza que a vida como era nos foge. Levam-na. Roubam-na. Mas enfim passamos a sentir tudo. Como antes não ousavamos sequer pensar que fosse possivel. Sentimos tudo. Bom e mau. E tudo lá, naquele sítio que dói e que faz rir. As palavras então saem disparadas por armas de arremesso perdidas algures no meio de nós. Ou então, ficam presas. E os lábios quietos. Xiuuu. Um dia, morremo-nos. Desistimos da guerra. Aceitamos que acabará ali. E que nada o pode impedir. Pomo-nos nas mãos de quem nos tolhe os movimentos. Dizemos que estamos à disposição. "Façam o quiserem! Eu não sou, não sei, não mando, não nada..." e pronto, morremos. E nesse exacto momento somos invadidos por um sopro quente de vida. Que nos entra pelos bocadinhos todos do corpo. Sentimo-nos levitar. Sim, sentimo-nos levitar. Sentimos os olhos encher-se de luz. Ficar transparentes. Mudar de cor. Passamos a ver à frente e atrás. Por fora e por dentro. Pelas margens e através. O coração bate. O peito enche-se. As lágrimas, essas, continuam a despedir-se de ontem. Misturam-se com o riso pela descoberta do plano onde o espaço e o tempo se misturam numa esquizofrenia de sentidos. Á nossa volta, luzes dançam. Vozes cantam. E dão-nos as boas vindas à terra de ninguém e de todos. Depois, renascemo-nos. Sem quase nada a ocupar-nos por dentro. Prontos a recomeçar. Mas agora num patamar acima. Crescemos um bocadinho mais em direcção a casa. Sabemo-nos no sítio certo. Mas ainda assim, às vezes temos saudades. No fim, o terror acaba. O dia volta. E passamos a perceber que entre a loucura e a iluminação a diferença é muito ténue.
repost #9
Há muito tempo que nada vinha com tamanha violência. Tudo é sentido e vivido ao extremo. No arame. Como que a testar os limites do céu. A avalanche de emoções apanha-nos sem avisar. Num imenso e barulhento Buummm invadem-nos. Toma-nos conta. A mente ultrapassa todos os limites imagináveis de capacidade de processamento. Ficamos muito perto da alucinação. Obrigamo-nos a discipliná-la, tentando reproduzir em cores, sons e palavras um bocadinho do que vemos. O dia e a noite não chegam. Tudo é imenso. Tudo é imenso. Sabemos de onde vem. Só não sabemos ainda para quê. Nada é previsível, e o que se anuncia de cara tapada nem sempre é simpático. Ou então é, mas chegar lá aperta muito. A chamada é feita por arrepios quentes que entram pelas pontas dos dedos e nos transportam para a gravidade zero do ser. Os olhos ficam ofuscados e passamos a ver por um ponto qualquer alojado no centro da testa. E tudo passa a ser de verdade e incondicional. Mesmo que não nos faça sentido. Acabou o intervalo.
repost #4
Enternece-me a transparência de quem ama pela primeira vez na mesma medida em que me entristece a palidez do olhar de quem teve de voltar a dar passos no escuro.
Balmorhea - Coahuila
9.5.14
Coldplay - Sky full of stars
coldplay não é, de todo, coisa que eu oiça sem ser por mero acaso. mas hoje acordei cedo e, pouco passava das oito da manhã, já ia a caminho do escritório. agora o caminho é diferente, mas praticamente igual ao de uns anos atrás. é uma espécie de gincana por lisboa que me obriga - entre curvas e contracurvas - a atravessar as artérias principais da cidade. e foi ao atravessar a avenida da liberdade que, numa esquina qualquer vi um cartaz de publicidade a qualquer coisa que não percebi o que era que tinha uma frase que dizia algo como "demands shout from rooftops". ao mesmo tempo, começava a tocar isto no rádio - que estava com o som algo alto, como sempre pela manhã. e, não sei bem porquê, naquele momento pareceu-me que o mundo fazia sentido. o que é curioso, porque nem sequer gosto particularmente deste som...
5.5.14
3.5.14
repost #3
misturam-se os corpos, há uma sofreguidão da alma que pede mais, fecham-se os olhos e arrancam-se em fogo as vontades que não se querem, raiva, como te odeio, não, não foi nada, se os olhos não se cruzam o colar da pele é desimportante, e quando o dia recomeça o ontem não foi, quem és tu que ocupas a minha cama, frio, amanhã tentamos outra vez, mas não, não me queiras ver por dentro, não tenho lá nada que te possa dar.
repost #2
e há alguns alguéns que nos fazem escrever e escrever e escrever e escrever e escrever e escrever e escrever e nos trazem imagens e sons e coisas que não sabemos muito bem de onde vêm e cores muitas muitas muitas cores e pesadelos e nuvens e trovões.
repost #1
eu podia levar a vida inteira a tentar, mas jamais conseguirei explicar o ar que ri. e olhando para trás não me reconheço.
este blog fez 7 anos em abril. x esqueceu-se de lembrar a data. entretanto, há uns meses, x escondeu 6 anos de histórias. x decidiu hoje republicar algumas. o queres antes aprender a voar ? passa, a partir de hoje, a ter uma secção de reposts. e já agora, parabéns a mim e ao queres antes aprender a voar ? que, entretanto, se tornou o meu confidente. e um dos meus melhores amigos.
2.5.14
x acha que sempre soube que havia de ser assim. x acha que, na verdade, nunca pensou que pudesse ser diferente. a vida de x é inteiramente dedicada ao seu trabalho. e às pouquíssimas pessoas que fazem parte do seu pequeno núcleo de sanidade. x não é o seu trabalho. mas o seu trabalho toma-lhe conta de quase tudo. a parte boa, é que x gosta. divirte-se. sente-se bem. x acha que é a isso que se chama "sentirmo-nos realizados". é assim que x se sente. e o pouquíssimo tempo que tem para dedicar às pessoas que fazem parte do seu núcleo de sanidade é gasto em risos e olhos brilhantes. porque x está feliz. porque x é feliz.
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