21.10.14

x estava a ter um ano quase tranquilo. conseguia sair do trabalho lá para as nove da noite e não precisava de trabalhar madrugada fora ou aos fins de semana. pois, x estava a ter um ano quase tranquilo, mas já não está. x suspeita, portanto, que este blog vai ficar de novo semi-mudo. ou então que as horas de sono vão voltar a ser menos que poucas.

20.10.14


Jaqueline du Pré - Concerto para violoncelo (Elgar)

Jaqueline du Pré morreu há 27 anos.

repost #23


Naquele planalto o vento era frio. Impiedoso. As flores dobravam-se. Impotentes. O vestido esvoaçava. Alvo. O cabelo enlaçava-se. Nós impossíveis. Corri. Abri os braços. Voei. Em baixo o mar. Revolto. Nas nuvens não sentia nada. Enfim!

repost #22

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"-Mas eu não quero estar ao pé de gente louca - respondeu Alice.
- Oh não podes evitá-lo - disse o Gato. - Aqui todos são loucos. Eu sou louco. Tu és louca."

Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll

repost #21



"No cruzamento de dois caminhos do coração não há um Templo de Apolo."

Reiner Maria Rilke - Os Sonetos a Orfeu

repost #20


O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca - Cartas a Guido Battelli

repost #19

correu por palavras inventadas buscando o que sabia não haver. encontrou adormecido de ser quem acordar não quis. manteve os olhos abertos até ao deixar de doer. por fim testemunhou a exiguidade dos quereres. brinca agora com bonecas e castelos cor de rosa. hoje vê.

repost #18



Perderam a forma, as palavras. Resta agora um imenso tudo para viver. Em cheio de luzes e brilhos de fogo de festa. E assim são os dias. As noites, essas, são vazias de pesadelos.

repost #17

E rebenta o caos como que a dizer "lembra-te, lembra-te, lembra-te". Torna-nos o corpo de sol e a rebolar de espasmos ao longo. Há um vértice do tempo onde as almas se juntam. E agora? Podemos ficar assim? Para sempre? Dorme, dorme, dorme. O mundo do outro lado é assim!

repost #16

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Mono - Everlasting light

e assim são os meus dias

repost #15

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às vezes esqueço-me. mas só às vezes.


repost #14

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"i like my body when it is with your
body. it is so quite a new thing.
muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does.
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones, and the trembling-
firm-smoth ness and wich i will
again and again and again
kiss. i like kissing this and that of you,
i like, slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur, and what-is-it comes
over parting flesh... And eyes big love-crumbs,
and possibly i like the thrill
of under me you so quite new."
ee cummings

repost #13


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E tudo ficou assim, vazio e silêncioso, como um papel em branco, pronto a agarrar histórias.

17.10.14


Julianna Barwick - Pacing

x é assim. um corpo nu exposto às agressões exteriores que por momentos é invadido por um mar vermelho sangue que turva os sentidos. eventualmente, a chuva abranda, o vermelho sangue ameniza e, entre breves esgares de sorrisos, x sobrevive até à próxima tempestade.


Julianna Barwick - The harbinger

x gosta de música que lhe tome conta da alma. julianna barwick faz isso. 

16.10.14

x está num momento particularmente importante da vida. tem de tomar decisões. todas elas que representam passos para o abismo. x já sentiu no corpo que o abismo quase nunca é mau. mas aquele momento em que se põe o pé sem saber onde está o chão, em que se fecha os olhos, em que se respira fundo, em que se diz para nós próprios "um, dois, três, salta"... esse momento custa sempre!

13.10.14


Jóhann Jóhannsson - The cause of labour is the hope of the world

o tema faz parte da banda sonora do filme The Miner's Hymns. x não viu, mas acredita que deve ser bom. relativamente ao Jóhann Jóhannsson x não tem dúvidas. é genial.

9.10.14

um dia, x gostaria de perceber porque é que há gente que tem a puta da mania de tecer considerações / formar juízos / emitir opiniões sobre, ou simplesmente meter o nariz na, cama dos outros.

8.10.14




Sharon van Etten - Love more


dia 29 de novembro, no Mexefest.

Peter Broderick - Below it


dia 11 de outubro, sábado, no Music Box - Lisboa.

coisas que x detesta: escamas de peixe e, em particular, escamas de sardinha. x até nem é nada esquisita, mas vomita-se toda se toca em escamas de sardinha. 
x mede as pessoas por pequenas coisas. porque x acha que são as pequenas coisas que mostram o carácter das pessoas. um sorriso insosso, um gesto rude, uma palavra mal dita ou uma atitude ego-centrada,  são razões bastantes para x deixar de ver pessoas e passar a ver bestas. 

7.10.14





M83 - Lower your eyelids to die with the sun


anthony gonzales, o génio de m83, é certamente uma das álmas gémeas de x.


... essa era a porta para aquele pesadelo de tons laranja labareda, mas, agora, está fechada!

6.10.14


foi com este som que x se despediu de moçambique, na noite de 27 de dezembro de 2007. é aqui que x volta sempre que está prestes a retomar o caminho de áfrica. daqui a pouco, x estará de novo em maputo.


como explicar aos demais que as palavras se formam em fogo por dentro até serem expulsas pela pontas dos dedos como se de um exorcismo se tratasse; como se em convulsões nascessem as ideias que  depois fogem em rios de letras, aparentemente avulsas, aparentemente ao acaso, até que, enfim, traduzem desenhos da alma? como explicar aos demais que escrever é como gritar em silêncio. e que se fica sem ar, sem força, sem lágrimas.como explicar aos demais que escrever quem somos dói?

sim, a vontade de escrever voltou. e isso, nem sempre, é bom.




Sigur Rós - Ára Bátur


muitas vezes, x enrosca-se no escuro, esconde-se do mundo e repulsa as palavras das gentes. x é, quase sempre, incapaz de lidar com o frenesim social. sente-se, quase sempre, deslocada. e descompreende os demais em quase tudo. mas x , às vezes, perde a força de tanto lutar contra moinhos de vento dentro da sua cabeça. é nesses momentos que a música lhe devolve a fé.
coisas soltas sobre x: a sua misantropia está a agravar-se.

x ia ver marissa nadler. mas não foi. o corpo - provavelmente comandado pelo inconsciente - recusou-se a ir. x gosta muito de marissa nadler. sobretudo do álbum Songs III - Bird on the Water. e desse álbum, x gosta muito em particular do tema Leather made Shoes (em baixo). este som marcou um momento muito particular na vida de x. um momento que foi um salto no abismo. um momento que se transformou numa imensa travessia interior com consequências avassaladoras na vida de x e na vida de quem rodeia x. um momento de profunda vulnerabilidade em constante luta com uma força gigante que x não sabia de onde vinha. um momento de fé, em que x se pôs à mercê do universo. um momento em que x perdeu o controle sobre tudo, principalmente sobre a sua mente e o seu coração. um momento em que x sentiu todas as forças exteriores violarem o seu corpo até ao limite da exaustão. um momento de uma fragilidade assustadora. um momento em que x percebeu que o sentir pode matar. um momento cheio de despedidas que se não queriam mas que se sabiam ser para sempre. um momento que ainda hoje abre um enorme espaço negro no corpo e na alma de x. x não gosta de voltar lá. e faz de tudo para não passar lá perto. mas ao ouvir a marissa nadler dizer but you know when she goes she'll by crying, cause a love that has died, is a sad sad thing, x não consegue conter os espamos no corpo que teima em dizer que ainda não está curado. talvez por isso, x não foi ver marissa nadler.

3.10.14


Marissa Nadler - Leather made shoes

domingo. na ZDB - Lisboa. eu vou!
x precisa de umas botas. x vê umas botas. x acha graça às botas. x vai ver o preço das botas. x tem um ataque de riso. 330 euros??

1.10.14

x fica extraordinariamente satisfeita quando consegue contribuir para mudar a vida de alguém. nos últimos tempos, x recomendou duas pessoas para posições bastante apetecíveis. x acreditava que ambas tinham capacidades para os cargos em questão embora tivessem perfis e personalidades algo "out of the box". depois de processos de selecção normais, em que x não teve absolutamente nenhuma intervenção ou influência, ambas foram contratadas. nos sítios sérios e que dependem do que efectivamente produzem, as "cunhas" são uma espécie de mito urbano. quer-se competência e atitude, só. às vezes falta é cruzar-nos no momento certo, com as pessoas certas, para os sítios certos. por acaso, x conhecia duas que até estavam desempregadas há bastante tempo.  x estava atenta. às vezes basta atenção para dar conta de oportunidades únicas, para nós ou para terceiros. e assim, duas pessoas mudaram de vida, num momento particularmente difícil no mundo do trabalho. duas pessoas. duas famílias. cinco crianças. e x fica muito feliz com isso.