7.11.12

do Saramago (porque ontem estive a arrumar livros dele):
Memorial do Convento - é o livro. grandes personagens, grande narrativa, grande imaginário, grande construção de palavras. brilhante.
Ensaio sobre a Cegueira - não tendo, nem por sombras, a genialidade do Memorial, é uma espécie de relato cinematográfico muito bem conseguido, alavancado na descrição convincente de como o ser humano facilmente se torna uma besta.
Levantado do Chão - tem alguma graça pelo notório calor do momento político em que foi escrito.
Jangada de Pedra - tem piada pela representação do isolamento  lusitano mais ou menos auto infligido e da (ainda que sempre algo tímida) afirmação da nossa condição de não alinhados nesta coisa que se chama europa. É quase um statement de uma espécie de orgulhosamente sós e à deriva em permanência mas gostamos da viagem pá!  A portugalidade,  sempre hesitante entre o este e o oeste ,até que uma força semi-oculta empurre o destino em direcção a algures.
O Ano da Morte de Ricardo Reis - tem especial interesse se for lido por alguém que gosta muito de Lisboa e está fora de Lisboa. eu gosto muito de Lisboa e li-o fora de Lisboa. por isso, é dos meus preferidos. se o tivesse lido em outras circunstâncias talvez não tivesse o mesmo impacto.
As Intermitências da Morte - é um bom título para uma boa ideia mas que, na minha opinião, raras vezes passa disso ao longo de todo o livro.

Terra do Pecado, A Caverna, História do Cerco de Lisboa e Todos os Nomes - todos são bastante maus. a História do Cerco de Lisboa começa com uma ideia quase brilhante. depois perde-se e torna-se numa espécie de folhetim. na altura fiquei chateada!
Ensaio sobre a Lucidez - aborreceu-me de morte, embora reconheça que já andava com pouca paciência para o Saramago quando o li e por isso o problema até pode ser meu.
O Homem Duplicado e A Viagem do Elefante - ficaram pelas primeiras páginas por já não ter pachorra.

Manual de Pintura e Caligrafia, Caim e Clarabóia - são aqueles em que nunca sequer peguei.

resumindo: simpatizo com o Saramago e gosto (até bastante) de alguns livros do Saramago. era antes de mais um escritor coerente. mas raras vezes atingiu o génio. ainda assim, faço questão de ler os Cadernos de Lanzarote. um dia qualquer.

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