31.3.14

x odeia várias coisas. uma delas são flores mortas. x odeia flores mortas. nunca, mas mesmo nunca, ofereçam ramos de flores, mortas, a x. mas x odeia ainda com mais vigor diamantes. nunca ofereçam a x diamantes. nem nunca lhe digam que os diamantes são as pedras do amor. diamantes são pedras. só. pedras que matam. e que fazem matar. x odeia, visceralmente, diamantes.

segunda viagem do ano confirmada: Moçambique!! de regresso à minha Maputo e, quem sabe, com um salto a Pemba!
primeira viagem do ano confirmada! Madeira. para festejar o meu aniversário com o grupo de amigos mais supercalifragilisticexpialidocious do mundo. 
Chrysta Bell. à porta da casa de x. ontem.



Chrysta Bell - Right down to you

28.3.14

de como gastar 800 € num piscar de olhos:
 
entrar no carro, dar à chave, meter a primeira, andar dez metros, ouvir uma chiadeira de cada vez que se carrega na embraiagem, sentir o pedal a tremer, levar à oficina, pagar.

27.3.14

a minha balança deve estar doida! é que hoje saltei-lhe para cima e ela respondeu que tenho quase menos 5 quilos do que há 15 dias!
o meu peugeotzinho pequeninho e a dar para o quase-velhinho está a querer dar o berro! estou tramada!

26.3.14

quando quer, ou quando a irritam até à moleirinha, x consegue ser muito bitchy!
7:40h. café tomado. vamos lá saltar para a máquina. é como quem diz: bom dia!

25.3.14

23:37h.
sim, ainda estou a trabalhar.
sim, comecei às 10:00h.
sim, ainda não jantei.
sim, ainda tenho umas horas pela frente. 
não, não sei nada do que se passa na cidade.
não, não sei nada do que se passa no mundo para além das letras gordas dos jornais online.
não, já não me lembro de pegar num livro sem ser os que sou obrigada a usar todos os dias em trabalho.
não, já não bebo uma cerveja com amigos há meses. 
sim, tenho uma vida de cão.
há pessoas assim. que nos consomem por dentro. às vezes tenho dúvidas se é sorte ou azar cruzarmo-nos com elas. mas arrisco na sorte. essas pessoas, aquelas que nos consomem por dentro, dão-nos a conhecer mundos antes ignorados: o mundo dos sentidos, da desnecessidade de razões, do correr às cegas, das pernas para o ar, da fatalidade. essas pessoas, aquelas que nos consomem por dentro, dificilmente saem do lugar que tomam como seu. ficam ali. presas a nós. por dentro. azar é nunca ter assim alguém, que nos consome por dentro. mesmo que aqueles que nos consomem por dentro só façam exactamente isso - consumir-nos. mas quando aqueles que nos consomem por dentro só fazem isso - consumir-nos - inevitavelmente chega o dia em que queremos arrancá-los de nós. à força. a frio. e fazemos isso, trazendo para a guerra outros alheios à nossa desestruturação por dentro. porque resta nada depois de sermos consumidos. nada. e rendemo-nos ao jogo. como se fossemos mais do que um no mesmo corpo. e, quase sempre, fazemos com os outros aquilo que as pessoas que nos consomem por dentro um dia nos fizeram. destruimo-los. as pessoas que nos consomem por dentro, ou nos roubam a vida ou nos transformam em monstros. vivemos entre esses dois estados: a ausência da vida e a vontade de sangue. andar em bicos de pés, tentando evitar cair para um ou outro lado é o que nos pode salvar. até que apareçam outras pessoas, que nos consumam por dentro. sem razões. só porque sim. pessoas em cujos olhos vemos o abismo. e nos perdemos nele. entre suor e saliva e roupas arrancadas e raiva no corpo. e queremos mais. mais. mais. e no dia em que a vontade de cuidar nasce no meio do caos dos corpos o mundo fica diferente.

24.3.14

"ai e tal, oh x como é que aguentas 40m a quase 18km/h sem parar?"
 
olho em frente e visualizo todas as pessoas que odeio e a quem me apetece partir a cara toda (não são muitas, são só duas ou três)!
foi o meu segundo ou terceiro amor de adolescente tinha eu uns 13 ou 14 anos. foi com ele que dei os primeiros beijos na boca. coisa estranha essa na altura. aquilo nunca deu em nada, como quase nenhuns amores de adolescente dão em nada. passados muitos anos reencontrei-o. e na altura ia dando coisa, mas não deu. e se tivesse dado, seria asneira, por sinal. depois perdi-lhe o rasto de novo. há uns anos voltei a encontra-lo. lembro-me que conversamos imenso, embora nada tivessemos em comum já. na verdade, em comum nunca tivemos nada, mas os amores de adolescente são assim mesmo: só hormonas e contos de fadas. mas nesse último reencontro olhou-me de forma diferente, como quem diz: podia ter-te tido e não tive. ora pois não teve, que os amores de adolescente, em regra, desaparecem assim: puff! e se não desaparecesse por si só, desapareceria pelas diferenças abissais entre as nossas vidas, os nossos quereres, as nossas ambições, os nossos gostos, nós, portanto. nós, que nada temos em comum para além de uns beijos na boca semi-inocentes dados às escondidas lá pela escola. hoje descobri que casou com a irmã de uma colega dos tempos da residência universitária que eu jamais  imaginaria que se pudesse vir a cruzar com algum dos meus amores de adolescente. ri tanto!
a minha idade mental desacompanha a minha idade física. isso parece-me óbvio.

20.3.14

há sete anos estava x em áfrica num rebuliço avassalador por dentro. foi uma época cheia de descobertas essa. cheia de trocas de palavras com tanta gente diferente. de partilha de emoções. de libertação. nesses tempos, houve alguém que esteve muito presente, sem contudo estar completamente a par da agonia interior que acompanhou o processo de crescimento de x. com esse alguém, x trocava ideias e risos e dores à distância. mas, sobretudo, com esse alguém x trocava sonhos. e sede de mais. x encontrou hoje, por mero acaso, uma dessas mensagens. e riu. porque era mesmo isto que precisava de ler:
 
Julgam ter-te na mão. Isso é o mesmo que querer segurar o vento, o amor e outras coisas não passíveis de serem presas. Logo ir-te-ás embora. Seja para que coisa fôr, tu vais voar. Os outros, aqueles que te foram mais próximos,  ficarão para sempre no baú do teu amor e na sacola das tuas recordações mas não vais parar e encontrarás depressa outras amizades, outros desgostos e outras compensações porque para mim e para ti a vida nunca parará. As coisas, as pessoas, a vida move-se e para quem é curioso, os caminhos teem que mudar. Ficam para trás imagens, boas e más mas vais partir em direcções tão diferentes como tudo daquilo que amas. Desde a pintura á vida, ás viagens, a novas e gratificantes experiencias que estás condenada a viver plenamente. Porque és como eu. És assim. Uma força bela da natureza.
 
o facebook tem esta coisa terrível - faz-nos voltar a cruzar com pessoas há muito distantes. consequentemente constato que os meus amigos mais próximos têm um gene qualquer que retarda a idade!
é algo que me acompanha. ter a vida em caixas. desta vez é a vida profissional. seis anos de estudo, de noites quase sem sono, de folhas de papel riscadas e com notas hoje difíceis de perceber. seleccionadas. umas para o lixo. outras metidas em caixas. é algo que me acompanha. ter a vida em caixas. desta vez não por ruptura. mas por movimento conjunto. faço parte de um projecto. e mudo-me com ele. até um dia me cansar. ou não. ao arrumar a vida em caixas, percebemos o lixo que vamos acumulando ao longo. e isto também é algo que me acompanha. o que antes importou transformado em lixo. e a limpeza radical que pontualmente vou fazendo. e não é só papel que vai na enxurrada. às vezes, também vão pessoas. de vez.

18.3.14


 
Pantera - Walk

alguém sugeriu num comentário que ouvisse o walk dos pantera. não pude conter o riso quando percebi que passaram 20 anos desde que os vi em cascais. na altura tinha um pseudo-namorado punk, achada piada ao phil anselmo e fiquei 15 dias a comer esparguete cozida com sal para poder pagar o bilhete.

13.3.14

há gente que abre a boca e me causa imediata vontade de vomitar - vivo com um desses espécimens ao lado há mais de um ano. arranjei uma forma de me alhear. mas estou a ficar algo surda por causa do volume do fones. nos dias maus é de punk para cima.


M83 - Reunion

acordar às 7 da manhã e pôr a casa a cantar isto tem a sua graça.
x sabia que o mercado (mesmo em portugal) está disposto a pagar muito mais pelas competências de x. o que x não sabia era os valores em concreto da coisa. x soube ontem. e ia caindo de lado. x até está disposta a abdicar de alguns euros para continuar a trabalhar com uma equipa que lhe é tudo. mas x tem sido uma parva-alegre. por isso, este ano, x terá de tomar uma decisão de vida. que passa por garantir o futuro sem que tenha de vender a alma ao diabo. até porque x já não vai para nova.
x chega a casa às 23.45h, depois de um dia, mais ou menos, normal de trabalho. x enfia um punhado de legumes salteados na boca e logo de seguida pendura-se na elíptica. 20 minutos a uma média de 17km/h. nada mau! o corpo reage e transpira como há muito não acontecia. duche rápido e cama. x acorda às 7h. toma um café na varanda da cozinha enquanto aprecia os morangos que começam a ganhar cores. x pendura-se de novo na elíptica e faz mais 20 minutos de exercício. x enfia-se no duche. transpirada, mas satisfeita. x sai de casa, passa pela loja do senhor armindo - que ainda mal abriu - e compra dois queijos frescos para o pequeno almoço. x chega ao escritório às 9.20h fresquíssima para enfrentar mais um dia de cão. reunião às 9.30h. uma hora depois, x está a tomar o pequeno almoço - queijo fresco, morangos e café. o plano é recuperar totalmente a forma física nos próximos três meses. ah, e as pernas já não doem. estão quase rijas.

5.3.14


 
Ben Howard - Keep your head up

in.love.
curtas:

- a colega burra vai, finalmente, desamparar-me a loja;
- o ponto alto dos meus últimos dias foi comprar online o que não tenho tempo de comprar offline;
- hoje os técnicos da vodafone vão lá a casa tentar resolver o problema da box e vou controlar-me para não insultar os senhores  pois, coitados, não têm culpa nenhuma que  o equipamento usado pela vodafone seja uma merda;
- as minhas gatas estão chatinhas chatinhas chatinhas;
- estou a ficar desnorteada com o volume de trabalho que tenho em cima da mesa;
- não tenho tempo para mais do que isto.

...but most important, i'm free in all the ways that you're not.
Uma amalgama de momentos, toques, partilhas e risos passados, acabou numa explosão de energia por dentro e por fora. Numa anarquia de sons e de luzes, como que num encontro entre o ontem e o amanhã. São perfeitos. Simplesmente perfeitos. Nunca tinha chorado num concerto. Desta vez as lágrimas cairam-me o tempo todo. Há quem ainda não saiba, mas ontem aconteceu magia. E muitos pés se começaram a despedir do chão.

Sigur Rós, Campo Pequeno

11 de Novembro de 2008