E enquanto isto, aqui não muito longe o mundo e diferente.
rasguei-te a pele com os dentes, mordi-te coração e cuspi-o, limpei a boca e segui.
14.12.16
8.12.16
2016
x começou o ano em lisboa. depois, apanhou um avião para algures em áfrica. passou férias entre pemba e a ilha de moçambique. voltou para o sítio algures em áfrica onde estava a trabalhar. penou as passas do algarve. voltou a lisboa. ficou doente. consultou médicos vários e fez exames a dar com um pau. descobriu que a doença que tinha era stress, manifestado em sintomas que x jamais associaria a stress. foi tratada. ficou bem. concluiu que tem de aceitar que a vida, às vezes, é uma puta. e que temos de aproveitar todos os momentos que cá estamos. partilhou casa com amigos, que se tornaram ainda mais amigos. partilhou casa com estranhos, que deixaram de ser estranhos. viajou em férias para a alemanha. esteve dentro de uma câmara de gás num campo e concentração. foi a uma volksfest. bebeu canecas gigantes de cerveja e cantou em cima de bancos. quase comprou umas lederhosen. viajou em trabalho para moçambique, viu parte dos jogos do euro em maputo. a outra parte viu em lisboa. festejou a a vitória numa esplanada cheia de franceses. foi ao marquês, mas voltou quase logo para casa. passou grande parte do dia de aniversário dentro de um avião. ouviu os parabéns à meia noite em maputo e às oito da noite em lisboa. foi ao primavera sound. e ao alive. odiou o alive. foi ao amplifest. viu explosions in the sky, sigur ros, mono e m83. passou férias a norte e a sul. cá dentro. viu uma amiga brilhante ficar doente. muito doente. chorou. riu. mas não riu tanto como o costume. enervou-se. enervou-se muito. passou-se com a emel. ajudou várias pessoas. cuidou de outras. ficou cansada. demasiado cansada. precisou de mimos. isolou-se. esforçou-se por não se isolar em demasia. nem sempre conseguiu. ganhou um dos três prémios que o sítio onde trabalha atribui anualmente. já é o segundo. sorriu.exigiu respeito. impôs respeito. foi ouvida. inscreveu-se no ginásio. nem sempre tem vontade de ir para o ginásio. chegou a dezembro com menos fé do que nos anos anteriores. e mais cansada. x não gostou de 2016. apesar de 2016 não ter sido particularmente mau para x. mas também não foi bom. e, sobretudo, não foi bom para pessoas de quem x gosta muito. e com quem x sofreu e sofre ainda em silêncio. x quer que 2017 seja diferente. e por isso vai marcar uma grande viagem que fará sozinha.
24.11.16
17.11.16
14.11.16
de vez em quando, x volta lá, tímida. desiste logo de seguida. os sons do cohen devolvem-na a um período da vida de x onde x não quer voltar. porque cohen descreve em palavras cruas o negro das histórias bonitas. e porque foi com palavras do cohen que x viu mãos frias a esventrarem-lhe o corpo e a alma. ainda assim, hoje x voltou ao cohen. e a tristeza de ontem voltou a cercar x. mas x esboçou um sorriso, daqueles sorrisos tristes que seguram todas as emoções por dentro, em segredo. e a vida depois voltou ao normal. com as palavras do cohen por perto. mas longe de ontem.
30.10.16
27.10.16
e depois acontecem assim coisas estranhas. e, por nada - ou, pelo menos, por nada que consigamos objectivamente perceber ou explicar - um dia acordamos com uma espécie de empowerment pessoal a jorrar por todos os poros. e nesse dia pomos o nosso sorriso triunfante na cara e enfrentamos este mundo e o outro com a certeza que, porra, somos muito melhor do que alguma vez nos ocorreu. e que se fodam os velhos do restelo, e todos aqueles que nos prendem a ontem acenando medos.
26.10.16
e um dia conheces alguém até ao âmago. e conheces tão bem, mas tão bem, que antecipas as frases, as dores de barriga, as dúvidas, os gestos, tudo. conheces todas as rugas e pequenos defeitos da pele. conheces os diferentes tons de voz consoante o humor. e todos os trejeitos do olhar. e do toque. conheces tudo o que havia para conhecer naquele lugar preciso do tempo e do espaço. e conheces suficientemente bem para saber que um dia, por qualquer razão, séria ou fútil, essa pessoa que conheces até ao âmago vai certamente esfarelar a tua confiança e fazer ruir tudo o que era tido como certo. e um dia isso acontece. e essa pessoa que conheces (ou conhecias) até ao âmago, passa a ser estranha. estranha mas familiar ao mesmo tempo. e passas a odiar essa pessoa que conheceste até ao âmago mas que já não conheces, apesar de essa pessoa ter feito exactamente aquilo que esperavas que fizesse, porque um dia a conheceste demasiado bem e sabias, mesmo não querendo saber, todas as nuances das suas reacções face à adversidade. parece um paradoxo. mas não é. e depois do ódio - visceral, duro, mortal - chegam em turbilhão uma série de outros sentires - raiva, nojo, desprezo... e outros que nem sequer se sabe bem o nome. no fim, indiferença. absoluta. mas chega o dia em que te voltas a cruzar com essa pessoa que conheceste até ao âmago. e nesse dia tens vontade de rir sem parar. porque a pessoa que conheceste até ao âmago morreu pelo caminho. e tu, contra todas as probabilidades, sobreviveste ao mais duro golpe de perceber que, na verdade, não conheces nunca ninguém. nem a ti. e ris sem parar porque percebes que essa pessoa que conheceste, mas na verdade não conheces já, não deixa de ter um ar incompleto e oco. ainda que para os demais pareça estar bem, muito bem até. mas houve um dia em que tu conheceste essa pessoa até ao âmago. e, apesar de ela ter arrepiado caminho e invertido a direcção, o âmago que um dia conheceste, esse, continua lá. escondido. tapado pelas vestes adoptadas na dimensão paralela por onde caminha. e tu ris. mas, apesar de tudo, esta história tem sempre um fim triste.
8.10.16
6.10.16
4.10.16
First breath after coma - Drifter
vamos por partes. x ouve estes sons há muitos anos. depois o post-rock ficou na "moda". e chegou uma altura e parecia que todo o puto com ar entre o emo e o negligé com pretensões e algum jeito para pegar numa guitarra queria ser o próximo munaf rayani. apareceu muita malta por ai que se resumia a copiar umas cenas e punham um ar das artes, como se isso fosse indicativo de qualquer talento especial para a coisa. foi neste cenário que há uns anos (3 ou 4 x x já não sabe bem) x se cruzou por ai com os first breath after coma. x não os levou muito a sério - eram mais uns "putos" quaisquer a querer ser "artistas". não ajudou terem decalcado o nome de um dos temas preferidos de x, de uma das bandas preferidas de x. foram imediatamente rotulados por x de copycats e x ignorou-os ostensivamente. mas x também se engana. redondamente, por sinal. podem ter começado como copycats mas de repente tornaram-se mais que isso, maiores do que isso, e algo muito para além disso. na verdade, não encaixam bem em nada pois, apesar de ter muitas influências de muita coisa, são muito diferentes de tudo. são os first breath after coma (porra que podiam ter outro nome!), são de leiria e são absolutamente extraordinários. x já lhes devia este post há muito tempo. mas andava a fazer birra.
3.10.16
20.9.16
no intendente, em lisboa, há um restaurante pequenino - que antes era uma tasca semi-falida mas foi recentemente tomada pela comunidade nepalesa lá do bairro - que se chama Olá Katmandu. a comida é francamente boa - tem umas chamuças de morrer (em nada semelhantes às que estamos habituados a ver por ai) e um chicken mo mo (aka dumplings nepaleses) de chorar. de nada.
16.9.16
28.8.16
É estranho como um sítio cheio de horrores pode ser, também, um local que irradia paz. Mas x não conseguiu tocar nas paredes que guardam em si a memória de vidas desfeitas em nome de nada. E tremeu quando percebeu que estava a entrar na câmara de gás. É uma sala estranhamente pequena para a dimensão do que nos contam como foi. Ao lado, os fornos crematórios que foram incapazes de apagar todas as provas. Provas em forma de carne humana amontoada com desdém a espera da sua vez. Falharam os fornos. Fizeram as câmaras fotográficas o favor de deixar restos para o futuro do passado que se não quer repetido. Corpos magros, pálidos, explorados e destruídos pela barbarie, pela fome, pela doença e pelas balas de um regime infame. A opressão do arame farpado disfarçado no verde imenso das redondezas. O impensável no meio da pacata cidade de ar inofensivo. "Nunca mais" está escrito algures no campo. Que tenhamos a sensatez de nunca, mas mesmo nunca, esquecer. Dachau, 2016.
X voltou de férias. X está em casa, aninhada, a contemplar a placidez do seu mundo. X correu entre pontos durante estes últimos dias. Lisboa, Munique, Dachau, Lisboa, Braga, Porto, Braga, Lisboa, além Tejo, Lisboa de novo. X está de volta à casa. Cansada, moída, dormente... Mas feliz. Amanhã x conta mais. Hoje vai apenas continuar a beber o copo de vinho branco que tem à frente. E a agradecer aos céus tudo o que lhe tem sido dado. E a fazer planos. Planos diluídos, e algo híbridos, como sempre. Mas planos cheios de futuro. De vontades, e de fé. X percebeu, de novo, o quão certeiro tem sido o seu caminho. X não se arrepende, apesar de guardar algumas mágoas. Mas x não se arrepende. De nada. O seu caminho até aqui foi bonito. X conseguiu tudo o que se propôs. Agora, x quer o resto. O imaterial. As pequenas explosões nas pontas dos dedos. As revoadas. 3, 2, 1... Agora... Vai x!
12.8.16
31.7.16
29.7.16
Lilly Allen - Fuck you
pois que x está prestes prestes a dar um murro na mesa e a mandar tudo para o caralhinho! pois que já há quem trema com a possibilidade de x se passar da corneta de vez e, por isso, não param de vir com falinhas mansas e a pôr panos quentes e "ai e tal tem calma" mas... que se foda! x recusa-se a aceitar decisões imbecis e irracionais tomadas em forma de cedência a motivos oportunistas. estranhamente, ou não, x está impávida e serena. e até acha que é isso que está a pôr muita gente em pânico. quando x está impávida e serena é porque já não tem motivos para se chatear. e toda a gente que priva com x sabe disso. x é tão transparente, que a sua cortina de absoluta tranquilidade não impede os demais de observar o absoluto desprezo, e quase nojo, que x sente por dentro. a modos que é isto.
24.7.16
fim de tarde com uma cerveja artesanal no largo do intendente; jantar com amigos antigos e recentes na costa do castelo; apanhar um táxi para o largo do rato e ir uma festa privada cheia de gente desconhecida mas simpática; acabar a noite num café de bairro já a madrugada ia muito alta mas com um calor surreal a rir com os filmes do syfy. foi assim ontem.
22.7.16
21.7.16
Os planos de x para os próximos tempos: trabalhar, viajar para a Alemanha, passar um fim de semana nas festas do povo de Dachau, voltar Portugal, férias no Alentejo, viajar para o Porto, fim de semana de música no hard club, continuar as férias entre Braga, Lisboa e algures ainda não se sabe bem onde, voltar ao trabalho, possivelmente ser operada ao nariz, voltar a trabalhar, férias em novembro provavelmente a adiar, trabalhar mais, possível viagem a Moçambique em trabalho, trabalhar mais, acabar o ano na Islândia debaixo de uma aurora boreal. x tem uma vida de merda mas, vendo bem, podia ter uma vida bem pior!
20.7.16
X sai do trabalho a horas decentes e vai jantar com uma amiga a um restaurante que ela adora. X janta muito bem e no fim a amiga obriga x a experimentar a sobremesa maravilha lá do sítio. Em regra, x não come açúcar mas decide experimentar a sobremesa para fazer a vontade a amiga. Ao fim de uns minutos x tem um ataque de sede que parece que está a desidratar. Depois começa com um frio inexplicável. Tem um surto de febre. Frio, mais frio. Depois calor. Muito calor. É mais arrepios de frio. Agora já está a passar mas x acha que teve uma cena qualquer marada por causa do açúcar. X não tem diabetes... Pelo menos há dois meses não tinha. Por isso não faz ideia o que raio foi isto. Mas está quase a marcar mais uma visita ao médico. Irra.
19.7.16
18.7.16
17.7.16
15.7.16
x saiu do sítio algures em África onde tinha de levar com uma pessoa pequenina ma. mas nem por isso x deixou de levar com aquele pingarelho em cima. e recebeu um telefonema de houston e dizer algo como "socorro, precisamos de ti". e agora x vai continuar a trabalhar com houston directamente a partir de lisboa. é o chamado win-win.
11.7.16
7.7.16
das dores de cabeça e dos anti-depressivos: falta uma semana para acabar o tratamento. x sente-se francamente melhor. menos tensa. menos irritada. e, sobretudo, menos confusa e dorida da cabeça. de qualquer modo, x só toma 10 mg por dia e nas primeiras três semanas andava com um sono de bradar aos céus. x não imagina o que é tomar 150 mg desta treta. a malta deve babar-se! x pelo menos babar-se-ia. à cautela, x vai fazer um tac. protocolo médico, diz a neurologista. x acha que está tudo bem e que isto tudo foi mesmo um acumular de nervos. mas vai fazer o tac, porque quem tem cú tem medo.
maputo muda a vida de x. para o bem e para o mal. quase sempre para o bem, na verdade. x já o disse antes, mas maputo tem mesmo esta capacidade de virar a vida de x do avesso. x está na cidade há pouco mais de 40 horas. e nesse curto espaço de tempo recuperou parte de lucidez que parecia andar distante. x nem sabe bem porquê. talvez seja a distância, talvez seja a memória, talvez seja apenas o espaço amplo para ver a vida correr. a razão não interessa. o que interesse é que x vai levar de maputo a vontade que lhe andava a faltar há meses. x recuperou-a, assim, num plim!
6.7.16
uma pessoa sai de lisboa com 36º, chega a maputo e estão 12º, praticamente não dorme durante a viagem, sai do aeroporto e vai directa para o hotel, dorme duas horas. levanta-se, toma banho e corre para o sitio onde tem de ir, passa o dia enfiada em salas de reuniões, volta ao hotel ao fim do dia, bebe duas cervejas, lembra-se que nem almoçou e que a única coisa que meteu no estômago durante o dia foi parte do pequeno almoço servido no avião as 5 da manhã, vai ao quarto e revê um relatório a correr, envia, no fim vai jantar, fica um bocadinho na conversa com um amigo, volta ao hotel, mete-se na cama, lembra-se que ainda não tomou o comprimido da praxe, sai da cama, por momentos sente um sopro siberiano costas acima, volta a meter-se na cama a bater os dentes de tal forma que até tem medo de partir algum. assim foi um dia na vida de x.
5.7.16
Os caminhos de x cruzaram-se com África há quase dez anos. Hoje, ao aterrar mais uma vez em Maputo, x revisitou a vida que a trouxe até cá há anos distantes. E voltou a sentir a mesma certeza que teve num final de ano atribulado em 2006! A vida de x foi pelos caminhos que x escolheu. E, apesar de tudo, isso é extraordinário!
4.7.16
3.7.16
2.7.16
28.6.16
As duas próximas semanas de x: embaixada, visto, um relatório sobre minas, um relatório sobre ambiente, um relatório sobre aviação, um financiamento de milhões de dólares, outras miudezas avulsas várias, jogo de Portugal, concerto para angariar fundos para uma associação, viagem para Algures em África, reuniões várias durante quatro dias, voltar para Lisboa, chegar e correr para o NOS Alive, ver José Gonzales e m83, festejar o seu aniversário, dormir!
24.6.16
19.6.16
18.6.16
16.6.16
cenas:
- x está a tomar anti-depressivos; x não é, nem está, deprimida, mas a neurologista diz que é a única coisa que tem mostrado resultados nas cefaleias tensionais; x não sente quaisquer efeitos estranhos dos anti-depressivos, mas as dores de cabeça passaram e ainda faltam quatro semanas para acabar o tratamento;
- x foi ao nos primavera sound; sigur ros foi estranho (atirar com a guitarra para cima da bateria jonsi?what the fuck?)... mas explosions In the sky foi assim qualquer coisa de sublime, ainda que tenha sido curto, demasiado curto...;
- x tem pensado muito em muitas coisas que não interessam nada e tem vindo a perceber que o seu eu e construído em cima de silêncios;
- x está hiper feliz com o facto de ter uma empregada doméstica; chegar a casa a desoras depois de dias de trabalho demasiado longos e ver a cama feita e tudo no sítio e não ter de passar os fins de semana a limpar cenas é um descanso;
- x sente-se distante de quase tudo, e sente que se está a habituar em demasia a distância, mas teme que a sua quase misantropia extrapole para sítios sem retorno;
- x não confia em quase ninguem, e isso não é bom;
- a casa de x está finalmente quase toda mobilada; porra que parece que a casa não tem fundo...;
- x adora mojitos... mas os mojitos que x gosta mesmo mesmo mesmo são feitos numa esplanada a dez mil quilómetros de distância, em Maputo;
- x já foi várias vezes ao Kruger Park e não acha grande graça ao Kruger Park;
- x quer ir a Birmânia, mas este ano decidiu não fazer nenhuma grande viagem pois está cansada de malas e aviões;
- x perdeu completamente o gosto e a vontade de cozinhar, e tem pena pois misturar cores e sabores e das coisas mais bonitas do mundo;
- x descobriu o canal A&E e esta viciada no programa Storage Wars -Texas; sim, x às vezes tem coisas que não lembra ao demo;
- x tem estado ausente... sao varias as razões - pouco tempo, Mac morto, máquina fotográfica esquecida algures, livros a aguardar ser lidos, música a aguardar ser ouvida e, principalmente, sentires que se não sentem há muito; resumindo, x não tem grande coisa para dizer e por isso tem estado calada.
7.6.16
19.5.16
x chega a casa às onze e tal da noite. x abre a porta de casa. x liga a luz. x vê a casa arrumada. x lembra-se que hoje foi o primeiro dia da empregada. x repara que tem o telemóvel desligado desde manhã. x põe o telemóvel a carregar. x liga o telemóvel. x ouve vários plims seguidos. x vê, por fim, várias mensagens da empregada a perguntar "doutora x, onde esta guardada a tábua de passar a ferro!". x responde apesar das desoras e diz "não tenho! só passo a ferro mesmo mesmo quando não há outra hipótese... e faço-o sempre em cima da cama!". x recebe um telefonema - era a empregada, a rir que nem uma maluca!
13.5.16
perguntam-me: porque não escreves mais no blog x? porque não respondes às mensagens, e aos telefonemas, x? porque não publicas o comentários x? porque é que andaste com o carro quase sem gasolina e alimentado praticamente a vapores durante quatro dias seguidos x? porque não envias a leitura do contador da edp em tempo x? (...)
ora bem, a resposta a isso tudo é "porque x é só uma e tem uma vida do demo".
4.5.16
atravessar a Bósnia, a Sérvia e o Montenegro de carro, andar três semana numa carrinha soviética pela Mongólia e ver o nascer do sol no alto de uma duna no Deserto de Góbi e viajar pela Índia de mochila às costas ao sabor das linhas de comboio foram três das viagens que mais marcaram x. no entanto, x tem para si que a Islândia vai superar tudo o resto.
3.5.16
2.5.16
26.4.16
stress pós traumático ou síndrome de pavlov. x suspeita sofrer de um destes pois de cada vez que alguém tem um comportamento que x entenda ser incorrecto, injusto ou apenas estúpido, x começa a hiperventilar, tem acessos nervosos e a cabeça parece que fica meio à toa. x acha que está a precisar de férias. ou então de comprimidos para a cabeça.
15.4.16
X tem-se confrontado com a consciência da finitude. Da morte. Da insignificância de cá. X tem tido dilemas sérios com a vontade de ser mais aqui e a noção que ser mais aqui vale de pouco. X tem lutado internamente com a crueldade do tempo. Com a rudeza das coisas. Com o nada que somos. X tem vindo a concluir que nada pode fazer contra o curso do mundo. E isso não traz tranquilidade nenhuma. Os clichês de algum modo ajudam. Mas esses são só isso, clichês. A vida e bonita. Mas é sempre curta. X quer tanto. X tem tanto que ainda não fez. E o tempo passa. E mata de dia para dia mais um bocadinho de vontade. Ainda assim, x não tem tido razões para queixumes. Nem para arrependimentos. X tem tido uma vida boa. Agora só precisa de risos infantis a encher-lhe o peito. E a casa.
14.4.16
12.4.16
9.4.16
1.4.16
30.3.16
29.3.16
Desta vez, x não escreveu sobre sentires. A razão e simples - x não sentiu nada. Por dentro estava tudo plácido. Não houve vozes, revelações, surpresa. Desta vez, África não trouxe a x nada de novo em emoções. Apenas algumas certezas se cristalizaram - o que x não quer ser, o que x não quer fazer, para onde x não quer, de todo, ir. Foi uma enorme experiência - talvez uma das maiores, na verdade. Profissionalmente, vai ficar bem no currículo. Mas x sabe que não lhe acrescentou quase nada. O que X confirmou foi que, desta vez, a volta foi a razão de ter ido.
28.3.16
X perdeu-se de amores por uma manta linda, cor de rosa clarinho, fofinha e essas cenas todas. Comprou-a. E depressa descobriu que é profundamente alérgica aos pelinhos fofinhos da tal manta. X está com os pulmões mirrados e com os olhos a sair das órbitas de tanto tossir. Puta da manta. Está visto que coisas fofinhas não são para x.
27.3.16
23.3.16
20.3.16
E x foi as compras. E vestiu a casa de azuis e rosas pastel... Quem diria! E depois olhou Lisboa, e confirmou em voz alta que esta e a cidade mais bonita do mundo. E é sua. E depois marcou consulta para, finalmente, avançar com a cirurgia ao nariz que anda a adiar há anos. Tem de ser, e terá de ser agora. Por isso, seja. E jantou com amigos. E foi feliz na simplicidade das coisas. X está de volta. E está de volta convicta que, por ora, o seu lugar e aqui. E é um lugar bom. Que assim seja. Enquanto tiver de ser. Bem-vinda x!
18.3.16
15.3.16
sair de sorriso na cara e de cabeça erguida, com uma empresa inteira rendida aos pés, é giro. o demónio de metro e vinte e picos ficou absolutamente isolado, não aguentou o ódio e correu edifício fora, em silêncio e com labaredas nos olhos. x saiu a rir, e a distribuir abraços vários. recebeu elogios, agradecimentos, solidariedade, amizade e promessas de encontros futuros. e segredos, x recebeu segredos que ainda lhe esgalharam mais o riso na cara. x deixa uma equipa mais forte e com ganas de enfrentar a personagem desaustinada. assim seja. depois de meses de tormento, x sai em grande. "estás com um ar tão feliz" ouviu x várias vezes enquanto corriam despedidas, algumas tristes, quase com lágrimas. sim, x está feliz. saiu em paz e com um enorme orgulho no que fez embora com muita pena que não a tenham deixado fazer mais. fuck you very much pessoa pequenina.
14.3.16
e as coisas mudaram assim num repente e x recebeu o telefonema que esperava há que tempos. e do outro lado ouviu o chefe a dizer "a boa notícia é que vais voltar para casa, para nós!". acabou o que x veio cá fazer. e x consegue voltar sem perder a compostura com ninguém. apesar de ter tido muitas vezes essa vontade. na verdade, foram tantas as vezes que teve essas ganas que x nem sabe como se segurou. em verdade vos diz x que o mal do mundo é a quantidade de pessoas imbecis em lugares que deviam ser ocupados por gente com pelo menos dez neurónios funcionais. e assim acaba este episódio. um episódio para esquecer de tão aborrecido que foi. na verdade, x teme ter ficado meio burra de tão pouco exercício intelectual que fez durante estes meses.
11.3.16
10.3.16
24.2.16
18.2.16
- x recebe um contacto de Londres a ver se está interessada em duas propostas para uma major na Holanda
- x responde a dizer "talvez e tal mas só se pagarem muito bem e sujeito a esclarecimentos a respeito da reputação internacional da empresa em questão"
- x recebe mensagem com o pacote que oferecem - o salario base é mais ou menos o dobro do que x ganha mais 25% de bonus anual
- x responde a dizer "não é mau mas também não é nada do outro mundo"
- x recebe mensagem a perguntar que valor pretende para considerar a hipotese de continuar com o processo de recrutamento
- x pede o triplo do que hoje ganha, mais 35% de bónus e mais umas migalhas quaisquer mas que estas condições ficam dependentes de x avaliar e ficar confortável com a business strategy e os compliance standards da empresa; x está convencida que a vão mandar pastar longe e fica o assunto resolvido
- x recebe resposta a dizer que as suas exigencias já foram comunicadas à empresa e a perguntar qual é a experiencia de x com o sistema inglês
- x, em tom de piada, responde que já leu o UK Bribery Act...
talvez o assunto fique por aqui! mas teve graça perceber que x se transformou numa bitch!
17.2.16
a vida insiste em dar pontapés no rabo de x, parece um demónio insistente a dizer-lhe "corre x, corre x...". e depois x fica assim meio atarantada. como que pasmada com os acontecimentos e cheia de dilemas existenciais. isto para dizer que x recebeu hoje uma proposta para ir trabalhar para a holanda para ocupar um lugar que não lembra ao diabo. é que nem nos seus mais excêntricos delírios x alguma vez pensou que o seu rumo a haveria de levar por onde tem levado. x é só uma garota simples, que passou a infância e a adolescência a trabalhar com os pais nas feiras e nos tempos da faculdade a lavar loiça num restaurante manhoso para pagar contas. jamais lhe passou pela ideia que um dia os magos dos petrodólares lhes iam bater à porta e dizer "anda x, anda... vendes a alma ao demo mas anda x, anda...". é que a única coisa que x realmente quer é ter tempo para se sentar na sua varanda virada para os telhados de lisboa e beber um copo de tinto enquanto o sol se põe. assim uma coisa simples. porra!
16.2.16
15.2.16
- oh x, porque é que o teu blogue se chama como se chama?
- por causa de uma frase que escrevi algures em 2008, ou 2009 - ou algures por esses anos algo confusos que se misturam na cabeça de x - e que dizia assim: "Por vezes, em silêncios longos, as imagens voltam com sinais escritos a ferro. Mas fica antes em silêncio porque já não bastam remendos. A casa ruiu. Queres antes aprender a voar?"
- por causa de uma frase que escrevi algures em 2008, ou 2009 - ou algures por esses anos algo confusos que se misturam na cabeça de x - e que dizia assim: "Por vezes, em silêncios longos, as imagens voltam com sinais escritos a ferro. Mas fica antes em silêncio porque já não bastam remendos. A casa ruiu. Queres antes aprender a voar?"
há uns anos, x andou numa busca intensa sobre "quem somos, de onde vimos e para onde vamos" e coisas do género. depois a vida foi levando x por outros caminhos e há já muito tempo que x tem andado completamente alheada dessas coisas. mas, como por cá os domingos são aborrecidos de morte, ontem deu-lhe para ler e ver coisas sobre vidas passadas e coisas do género. às tantas, x foi ter a um tutorial no youtube para fazer terapia regressiva conduzida por uma tipa qualquer que diz que é expert na área. x achou piada à coisa, deitou-se na cama e pôs-se a ouvir aquilo. depois de mais de vinte minutos de muitos "blablabla está-se a sentir pesado..." pois que x começou a sentir-se realmente pesada sem, no entanto, perder a consciência do que estava a fazer. às tantas, a voz disse para x ir para uma vida passada que tivesse tido grande impacto na sua vida actual. depois dessa instrução, a mente de x ficou algo confusa mas, na verdade, x não viu nada de especial. isto é, na cabeça de x não se formou qualquer imagem em concreto. e então, x pensou "pufff, ou não sou hipnotizavel ou isto via youtbube não resulta". mas, ainda assim, x continuava a sentir-se pesada e como que presa à cama. no meio disto, de repente, a voz diz "visualize em que ano se passou essa vida!". imediatamente, x viu o número 1468 e foi tomada pela ideia que o local onde essa tal vida passada terá decorrido seria no "centro da europa"! ainda assim, x não via nada - na sua cabeça, o campo visual era todo negro. a única coisa que era "visível" eram os conceitos "1468, centro da europa". x começou a ficar intrigada e curiosa com a coisa. no entanto, logo de seguida, o serviço de internet da casa de x deve ter pifado porque o vídeo deixou de funcionar e a voz deixou de dar "instruções". ainda assim, x continuou a sentir-se pesadissima e não conseguiu levantar-se da cama. e x adormeceu quase imediatamente. eram cerca de nove da noite. x acordou hoje, às oito da manhã, depois de uma noite cheia de sonhos meio estranhos e como que tivesse vindo do fundo do inferno. na verdade, "1468, centro da europa" deve ser uma boa definição de inferno!
ontem, x ia escrever um post que dizia simplesmente "que se foda o amor!". depois percebeu que isso pareceria um pouco ressabiado. ou estúpido. até porque, em tempos, x percebeu como essa coisa do "amor" é enorme. "um gigante, pintado de vermelho" - assim descrevia x o amor, em tempos. mas hoje x só tem uma coisa a dizer - que se foda o amor!. pode ser ressabiado, ou só estúpido. mas é mesmo isso que x tem para dizer de momento.
9.2.16
dizem que o lugar é mágico. x não sentiu a magia de que falam. mas é um sítio bonito. e cheio de história. e, com certeza, de histórias. as gentes são simpáticas. e acolhedoras. a mistura é muita. catolicismo, islamismo e, até, hinduísmo confundem-se nas pedras e nas ruas. tem edifícios belissimos. o hospital foi qualquer coisa de fabuloso em tempos. hoje ainda impressiona, apesar da degradação. as ruas, as cores, a arquitectura fazem pouco sentido numa ilha colada à costa na berma do índico. parece uma qualquer pequena vila portuguesa transferida para os antípodas do mundo. percebemos a loucura de um povo que um dia se dispôs a conquistar o mundo - nós. sim, somos doidos varridos. dizem que é um lugar mágico. x não sentiu a magia de que falam. mas gostou de visitar a ilha de moçambique. e gostou sobretudo da viagem até lá. a paisagem, a natureza, o horizonte, o verde, a vida, a liberdade. é isso que para x é mágico.
8.2.16
5.2.16
1.2.16
desta vez, x demorou a encontrar a áfrica pela qual se apaixonou há uns anos. x deparou-se com uma realidade mais fria, mais oca, mais hostil, do que aquela que encontrou da primeira vez que pisou este chão. mas, nos últimos dias, x voltou a sentir o horizonte limpo, o vento quente a bater na cara, e a felicidade simples a subir-lhe pelo corpo. a cabeça, essa ficou vazia. ao fim de sete meses, x reencontrou um bocadinho da áfrica que lhe segurou a alma. quando x se perde das palavras faladas, é porque um silêncio bom lhe enche a cabeça. e o corpo. e isso é bom.
31.1.16
Primeiro foi a sinusite. Depois as dores de cabeça. Ibuprofeno e amoxicilina depois e as dores de cabeça não passavam. Médico de clínica geral, otorrino, dentista e por fim neurologista. Cefaleia de tipo tensional crônica, diz ela. Prescrição: férias, massagens e, quando for mesmo preciso, paracetamol e fosfato de codeína. Dizem que é a dor de cabeça mais comum. Talvez seja, mas ao fim de quase dois meses de dores quase diárias uma pessoa da em maluca. X vai de férias e leva os comprimidos. Talvez haja lá massagistas. Caso não haja, uma road trip em estradas africanas e capaz de fazer o mesmo efeito.
19.1.16
11.1.16
8.1.16
a cirurgia da amiga de x correu bem. muito bem. mas as notícias que se seguiram não foram as que se desejavam. podiam ser piores, ainda assim. começa assim um caminho novo. cheio de incertezas. de medo. e, também, de fé. no meio disto, x tenta recuperar da espécie de letargia do choque. e pensa que tem sido imensamente afortunada por, até ao momento, nem x nem a sua familia próxima, ter tido grandes problemas de saúde. ainda assim, quando estamos de perto deles, a perspectiva que temos de nós, da vida e do mundo, muda. num estalar de dedos.
7.1.16
The Smashing Pumpkins - Today
foi a banda e o álbum que marcaram o início da idade adulta de x. nessa altura, x era feita de sonhos e rebeldia e audácia. nessa altura, x tinha sede de liberdade. de conhecimento. de pessoas. nessa altura, x dispôs-se a comer o mundo. hoje, passados vinte anos, x continua cheia de sonhos e rebeldia e audácia. com sede de liberdade. de conhecimento. de pessoas. e de comer o mundo. mas x está , também, mais cansada. e com vontade de ter a casa a cheirar a bolos.
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