20.10.11

há coisas que só nos abandonam se as deixarmos ficar. parece um contra-senso. mas não é. a fuga ou a expulsão não resolvem. há coisas que têm de ser gastas. quando se gastam não há lugar a lamentos. ou desculpas. segue-se sem contemplações à rectaguarda. mas, em não se gastando, os "ses" impedem os passos. e a cura. temos sempre demasiados "ses". quase todos resultantes do medo - "e não sendo assim, como é que vai ser". coragem é o que nos falta quase sempre. e coragem não é fugir. nem expulsar. é saber quando chega o fim. assumi-lo. e começar tudo de novo com os pés assentes em tudo o que é velho. trágico é que, quase sempre, o movimento não tem só um sentido. e nem sempre os vários sentidos possíveis são compatíveis. e é exactamente aqui que se revela o egoísmo. ou a condescendência. ou a autocomiseração. tudo pecados capitais. o inferno deve ser imenso, portanto. e começa aqui, quase sempre.

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