30.9.15

e ainda não passaram três meses e já há quem não queira que x vá embora ao fim dos dezoito meses previstos! oh foda-se!

24.9.15

x está a ler um parecer de um reconhecido profissional da praça lisboeta - que até é professor universitário num universidade de renome ai do sítio  - e que cobrou, com certeza, uma enormidade de dinheiro para o escrever. o inglês é péssimo. o conteúdo técnico é uma merda. o director geral do projecto pediu a opinião de x sobre o mesmo. agora, como dizer de forma simpática algo como: "senhor director, pois que eu sei que tenho ar de pirralha mas este parecer, apesar de ter sido feito por quem foi, é tão merdoso que se fosse eu a mandar não lhe pagava um tusto!"?.

23.9.15

uma pessoa está nos morros de áfrica a preparar-se para dormir e de repente recebe uma mensagem de alguém com quem já não tem contacto há quase vinte anos com discursos saudosistas do antigamente e pensa: "porra!".

21.9.15

x levanta-se às 7h. pouco depois das 8h já está no escritório. entre emails, reuniões e trabalho, quando dá por ela é hora de almoço e ainda não meteu nada na boca que não café. x come quase sempre na copa do escritório. demora cerca de 10 minutos a comer. depois continua no trabalho. quando dá por ela são 18 horas e nem lanchou. sai por volta das 20h, chega a casa e come o que houver. deve ser por isso que tem o estômago a queixar-se.
entre o drama dos refugiados, as palermices do donald trump e o malware que atacou a apple na china, x quase pensa que o mudo caminha para o fim.
x está a ver a primeira temporada do game of thrones. sim, x é meio atrasada nestas coisas e não se incomoda muito com isso.
a semana passada, com apenas uma mensagem para a administração, x garantiu que uma pessoa cujo contrato estava a terminar, mantivesse o posto de trabalho por tempo indeterminado. hoje uma pessoa que, há uns 4 ou 5 meses, x indicou como potencial candidata a um trabalho foi contratada. são estas pequenas coisas que fazem x sentir-se realmente bem.
e passaram dois meses. x devia ir a Portugal em outubro, mas já não vai. vai em novembro. até lá tem de passar por Johannesburg e depois tem de ir quase até à fronteira com a Tanzania. talvez ainda vá a Cape Town um fim de semana. e depois... Lisboa!

15.9.15

conhecendo como conheço o povo de braga, o nosso primeiro ministro teve sorte em sair de lá com os dentes todos.

14.9.15

comparando com a exigência e organização do grupo de trabalho de que x faz parte em lisboa, o departamento em que x está a trabalhar de momento é uma espécie de anedota. e isto é quase inacreditável  considerando que estamos a falar de um ultra-mega-projecto internacional que devia ter pessoas hiper competentes à frente. não é o caso. e é assim que vemos que em portugal há matéria prima humana ultra qualificada que não tem noção do valor que efectivamente tem. x, por acaso, até sabe que é uma privilegiada por trabalhar num sítio de que gosta, onde se faz um trabalho excepcional e que até reconhece o valor das pessoas pagando-lhes condignamente. mas faz-nos muito bem sair da concha e ver como as coisas se passam no terreno. quanto mais não seja ficamos a perceber preto no branco que somos mesmo mesmo bons. pena é confirmar que o mundo é gerido por pessoas muito mal preparadas e ainda por cima com a puta da mania que são a última coca-cola do deserto. sim, x está a ficar com ganas de partir a boca a alguém.
x nunca esteve desempregada. teve muitos trabalhos de merda e mal pagos, mas desempregada x nunca esteve. nem desempregada, nem desocupada. x começou muito cedo a trabalhar. primeiro com os pais, que eram comerciantes. x sempre trabalhou com os pais e, por isso, enquanto criança e adolescente x nunca teve "férias grandes"- pelo contrário, nos meses sem aulas x acordava às 4 ou 5 da manhã para ir trabalhar. aos 18 anos x foi para a faculdade. mas, nas férias, x voltava a trabalhar com os pais. na faculdade, x tinha uma bolsa de estudo, mas não chegava para tudo. por isso, x sempre trabalhou em alguma coisa para ajudar a pagar as contas. durante os tempos de faculdade, x foi assistente num infantário, empregada de balcão num centro comercial, passou pelo telemarketing, fez milhares de inquéritos para estudos de mercado, fez centenas de entrevistas para um estudo nos bairros sociais de lisboa, leu  dezenas de livros para fazer a triagem inicial num concurso de literatura, lavou loiça num restaurante, trabalhou na loja duty free do aeroporto de lisboa e deu explicações. pelo meio, ganhou uma bolsa do governo dinamarquês, viajou pela escandinávia, foi membro de uma associação de estudantes e de um órgão representativo das residências universitárias da universidade de lisboa, organizou uma exposição de artes plásticas, foi a festivais de música, fez uma road trip por portugal e outra pelo sul de espanha, e fez amigos que ainda duram. no fim do curso, x voltou à cidade natal onde fez um estágio que durou dois anos e meio. x não recebia um chavo e odiava aquele estágio. mas levou-o até ao fim. ainda assim, ao mesmo tempo, para pagar as contas, x foi entrevistadora do ine (e recebeu uma pipa de massa por esse trabalho), trabalhou num café e fez um segundo estágio (este mais pelo gozo) numa rádio. depois de acabar o estágio profisisonal, x não queria trabalhar na profissão para a qual a universidade a havia preparado e, de um dia para o outro, depois de uma conversa de circunstância com um amigo, deu por si a caminho de coimbra com vinte euros no bolso para ir ter com uma pessoa que estava a precisar de alguém para a ajudar a fazer pesquisas para escrever um livro. x não conhecia essa pessoa de lado nenhum mas ao fim de poucas horas x e essa pessoa perceberam que se dariam muito bem. passados três dias x estava de volta a lisboa, para começar a trabalhar com essa pessoa. foi o trabalho mais giro que x teve na vida - escrever! passados oito meses, essa pessoa adoeceu e acabou por falecer. x arranjou trabalho na sua área de formação assim de repente e sem saber bem como. a verdade é que, a contragosto, mandou um cv. no dia seguinte recebeu um telefonema e passados dois dias estava a começar um novo trabalho num escritório mais ou menos importante do mercado. x esteve lá quatro anos, até se fartar. um dia, depois de se lhe esgotar a pachorra, x começou a procurar outro trabalho. a busca levou-a a moçambique e x abandonou o trabalho que tinha, pegou numa mala de roupa e viajou para maputo. ao fim de oito meses x decidiu que tinha de mudar de trabalho sob pena de esmurrar a tromba ao dono do escritório onde à altura x estava a trabalhar. durante a busca por outra ocupação, x apresentou projectos à usaid e a outras coisas do género mas não deram em nada. um dia, meio à sorte, x mandou um cv (meio a gozar) para um grande escritório em lisboa. passados uns dias recebeu um telefonema, depois fez entrevistas presenciais e ao telefone. x foi contratada e voltou a lisboa. x trabalha nesse sítio ainda, apesar desta nova aventura que lhe caiu no colo x não se desvinculou do sítio-mãe e espera voltar para lá logo que possível. é verdade, x nunca esteve desempregada, nem desocupada. teve muitos trabalhos de merda, e por mais do que uma vez viu a vida querer fugir-lhe das mãos, mas resistiu, manteve-se fiel a si própria, não se resignou, não aturou merdas de ninguém e, sobretudo, não se meteu em nada que não lhe desse espaço para sair a correr caso lhe desse nas ganas. e foi assim que x chegou aqui. com muito mas mesmo muito trabalho. e com uma boa dose de loucura, também. sorte? a sorte faz-se... com resiliência e força de vontade e, sobretudo, com atitude e fé em nós. ainda assim, x perdeu muita coisa pelo caminho, mas a "sorte" também implica isto - fazer escolhas, e às vezes escolhas muito difíceis e com consequências muito sérias. nenhuma vida é perfeita, mas devemos construir a nossa à medida que nos couber. e não desistir, não desistir nunca. mesmo quando toda a gente diz que estamos a ir no sentido errado. porque quem melhor do que nós sabe o caminho que é o nosso, mesmo que dele não tenhamos plena consciência?

9.9.15

do debate: foi uma merda. mas se houve um vencedor foi o costa. também não era difícil considerando que do outro lado estava uma alforreca alucinada.

8.9.15

queria poder agarrar-te pelos braços
e dizer-te para não ires mais além
que aqui chega
que aqui é
queria poder dizer-te que a casa, quando é nossa, tem tecto e chão e limites
e que o destino tem um fim
e que a vida é quadrada
e que tem cercas que definem o espaço onde se movem as vontades
queria poder fazer isso tudo
e queria acreditar que tudo isso é verdade
queria
mas se o fizesse estaria a mentir
por isso, sejamos
assim como somos
desencontrados


2.9.15

uma das melhores amigas da adolescência de x, com quem x já não tem qualquer tipo de contacto há mais de vinte anos, pediu amizade a x no facebook. x aceitou e apanhou um susto. depois, x pôs-se a pensar que a boa relação com a vida deve ser uma espécie de elixir da juventude.