28.12.17


Surma - Hemma

porque a música é a única coisa que tira x do escuro.

27.12.17

há muito tempo que x não assistia a uma missa. x não sentiu deus, nem fé. x sentiu apenas as lágrimas a lavar-lhe a cara. e culpa por não ter dito mais vezes "gosto muito de ti". 
a amiga de x que estava doente, já não está doente. adeus minha querida.

22.12.17


Olafur Arnalds - Only the winds

x começou 2017 zangada. cansada. farta. a rebentar de tudo. tudo. quase se despediu. berrou. zangada. muito zangada. depois tirou férias.

passou dias de inverno a olhar o mar. acalmou.

preparou o seu relatório de avaliação e não se coibiu de fazer críticas que poucos ousam fazer. foi ouvida. e acabou por ser "promovida".

foi a maputo participar numa conferência internacional. reencontrou pessoas. redefiniu prioridades.

decidiu não se incomodar em demasia com coisas que não está na sua disponibilidade mudar.

partilhou casa com três pessoas diferentes. 

acolheu uma pessoa nova na sua vida. essa pessoa acabou a fazer a vida de x num pequeno inferno por alguns momentos. descartou essa pessoa sem grande piedade. percebeu que há malta que é mesmo descompensada. e perigosa. pôs uma pedra em cima desse assunto e alertou toda a gente que essa pessoa não batia bem dos cornos. continuou a sua vida.

inscreveu-se na pós-graduação que há muito queria fazer. passou uns meses em corridas entre o escritório e a faculdade. teve muito pouco tempo para estudar. 

perdeu saúde. viu as suas dificuldades respiratórias agravarem-se brutalmente. chegou a um ponto que já não conseguia andar, subir escadas ou mesmo falar sem ficar com falta de ar agonizante. até que um dia disse "chega". e decidiu avançar com a operação que adiava há anos. conseguiu organizar tudo em tempo record e foi operada pouco mais de um mês após ter tomado a decisão. não teve sequer muito tempo para pensar no que podia correr mal. passou uma semana em casa com a cara inchada e os olhos negros. mas recuperou. 

foi indicada para um curso de liderança no magic circle em londres. fez o curso entre os melhores dos melhores do ramo. voltou a correr de londres. trabalhou que nem um burro de carga. 

cumpriu um sonho de há anos e viajou pela islândia. encontrou amigos novos. viu das paisagens mais bonitas do mundo. espantou-se. andou pelas ruas coloridas de reykjavik. andou em cima de glaciares, de montanhas, vulcões, praias de areia preta e ondas revoltas, por baixo de cascatas, dentro de grutas. riu. foi feliz. saiu da islândia com muita vontade de voltar rapidamente. 

voltou a portugal. fez férias nos seus sítios de sempre. apanhou sol. acampou. passou tempo com a família. mimou a sobrinha. mimou muito a sobrinha. 

voltou a maputo. passou duas semanas extenuantes a trabalhar com a equipa local. 

voltou. cheia de planos e com vontade de mudar o mundo. percebeu que o mundo, às vezes, custa a ser mudado. 

ficou com o carro parado na auto-estrada no dia em que o carro não podia ter ficado parado na auto-estrada. passou-se. decidiu comprar um carro novo. teve dúvidas. vacilou entre comprar o carro que queria há muito e comprar uma coisa menos burguesa. 

alguém lhe disse que tinha de pensar mais em si e que estava na hora de se mimar. e que se alguém merecia comprar o carro que queria era x. e x, então, percebeu que sim - nos últimos anos preocupou-se mais em dar aos outros do que realmente tratar de si. decidiu comprar o carro. comprou-o. 

decidiu, também, tratar de si. passou a ser acompanhada por uma equipa médica multidisciplinar para perceber o que se passa com o seu corpo, que às vezes dá sinais estranhos. descobriu que tem a tiróide mais dilatada do que já é e que vai ter de tomar medicação para essa treta. não é grave. mas vai ser resolvido. 

começou a fazer caminhada. e viu aos poucos o corpo a começar a reagir. passou a gostar de andar. e de ver a cidade com os pés.

respondeu a situações de emergência social. e ajudou com o que pode uma mãe e uma criança desamparadas. 

ajudou a construir e concretizar sonhos. falta um - que só está pendente por questões que x não consegue resolver sozinha. 

viu a amiga doente piorar de dia para dia. agonizou com a degradação física e mental que se revelaram irreversíveis. espera, em silêncio, o dia em que receberá a notícia que não quer receber. espera. em silêncio e com uma dor escondida. 

x teve um ano difícil. mas conseguiu concretizar coisas que há muito desejava e que em tempos idos pensava ser impossíveis. 

x concretizou o que estava ao seu alcance concretizar. porque há coisas que não vale a pena adiar. a vida acaba num plim. enquanto cá estamos aproveitemos aquilo que temos. e partilhemos o que seja possível partilhar com os outros. 

e, entre lutas, derrotas e conquistas, chegamos quase ao fim do ano. x está menos zangada do que no início. e menos cansada. e menos desacreditada. e mais apaziguada, talvez. e, sobretudo, com a certeza que a vida corre desaustinada à nossa frente. tenhamos capacidade de a acompanhar. e de aceitar que, às vezes, não nos cabe a nós decidir o caminho. 

boas festas. e sejam felizes.

21.12.17


Birdy + Rhodes - Let it all go

porque hoje x teve vontade de sons diferentes.

Wolf Larsen - If I be wrong

What if I’m wrong, what if I’ve lied
What if I’ve dragged you here to my own dark night

20.12.17


José Gonzalez - Stay Alive

quando x se lembra de ouvir isto é porque por dentro se anunciam flores.

19.12.17

hoje, x foi almoçar - sozinha - ao sítio onde tantas vezes almoçou - entre gargalhadas e planos cheios de futuro - com a amiga que está doente. x sabe que - pelo menos neste plano de espaço-tempo - esses almoços cheios de risos não vão voltar a acontecer. e hoje, ali sozinha, x sentiu um vazio gigante e uma impotência incomensurável contra a crueldade da vida.

18.12.17

de vez em quando, oiço-te à rectaguarda. embora sem palavras, dizes, quase sempre, em desespero "não te esqueças". mas desde há muito que ignoro o teu pranto silencioso. e sigo em frente. sempre. não esquecerei. nunca esquecerei. por isso corro para alargar a distância. fica ai. no sítio onde escolheste estar. e deixa-me ir para onde eu escolhi ir. não te posso esconder do ontem. mas o amanhã é meu. e tu não fazes parte dele. 

1.12.17

x cumpriu vários sonhos em 2017. falta só um.

x espera que até ao final do ano esse esteja, também, cumprido.

haja saúde!

Hello Evoque!

29.11.17

x teve hoje o seu maior delírio burguês de sempre. e comprou (ou melhor, ainda não comprou mas está quase...) o carro que queria há muito. ficou com algum peso na consciência de "aí e tal tanta gente a morrer de fome no mundo e eu a comprar um carro burguês..." mas depois alguém lhe disse "foda-se pá, trabalhas que nem um cão, se alguém merece és tu!". e pronto, plim!

1.11.17

a doença da amiga de x entrou num rumo sem volta. é triste, muito triste.

30.10.17

Major Depressive Disorder, MDD, ou simplesmente depressao. Diz a neurologista que x tem isso. Apesar de não se sentir triste. x só se sente irritada em permanência. E troca palavras, está meio dislexica, tem a memória em farrapos, dificuldades de concentração, impaciência, apatia, falta de força, discurso baralhado, cabeça bamba e enevoada...mas, sobretudo, irritação, muita irritação. x tem uma vida boa, e não tem razões de maior para estar deprimida. O que faz mal a  x são as pessoas mas com que x se cruza na vida. E x tem-se cruzado com várias. Demasiadas, na verdade. A prescrição: meio comprimido de um antidepressivo multimodal durante 6 meses e exercício físico. A ver se isto vai ao sítio que x já nem paciência tem para estar doente.
x passou os últimos 15 dias em mocambique. x chegou cansada. mas feliz. Africa faz bem a x.

25.9.17

hoje voltaste a chamar-me no escuro. recolhi-te em silêncio e devolvi-te ao sítio onde quiseste ser. insististe que entrasse e visse onde és hoje. virei as costas. segui. disse adeus. e então acordei. com metade do corpo em espasmos de náusea e o resto disperso além. 

18.9.17

x disse sempre que não faz planos. e, de facto, não faz. mas x tem vindo a perceber que precisa de ter objectivos. metas. e quanto mais difíceis melhor. x tem vindo a constatar que sem objectivos fica amorfa, cansada, aborrecida de morte. depois de metade do ano extenuante e quase dois meses em modo semi-férias mentais, x precisa de se desafiar de novo. x acha que só consegue viver numa espécie de rodopio. e, na verdade, não sabe se isso é bom.

12.9.17

quando alguém que partilhou o dia-a-dia mais ou menos próximo de ti - alguém brilhante e com um futuro enorme pela frente - se suicida, ficas assim meio embasbacada e sem saber o que dizer. e inevitavelmente questionas se os teus problemas não são afinal meros amuos sem sentido.

18.7.17

x não sabe bem porquê, mas nos últimos dias tem sido assaltada por memórias e dúvidas existenciais. na última semana, por várias vezes, x foi posta perante uma história mais ou menos recente, que podia ter terminado na trilogia clássica: casa, cão, filhos. não acabou assim. acabou de outro modo menos idílico, embora sem dramas. pelo menos, sem dramas para x. mas também acabou embrulhada em silêncios desconfortáveis. e algumas dúvidas. e algumas pequenas raivas disfarçadas. x perguntou-se algumas vezes o porquê de aquilo não ter avançado. x e a pessoa em questão davam-se irritantemente bem, riam muito um com o outro, o sexo era extraordinário, tinham muito da vida em comum. x podia ter aprendido a gostar da pessoa. porque x não gosta à primeira vista. x aprende a gostar. mas não aconteceu. e x até ontem perguntou-se porquê. a resposta que x encontrou foi esta - a pessoa em questão andava sempre dois passos adiante. x odeia que andem dois passos adiante. x gosta de passos sincronizados, ainda que paralelos em vez de decalcados.

12.7.17

e x fez anos. 42. foda-se!

Sigur Rós - ( ) Untitled 6 

porque é um dos álbuns da vida de x. porque este tema em particular arrepia x até à alma. porque x hoje está assim.

29.6.17

quando, convictamente, nos dão menos dez anos do que os que efectivamente temos ficamos assim um bocadinho estupefactos... 
crónicas do nariz de x: ainda inchado, mas a ir ao sítio.


28.6.17

era o primeiro dia de viagem pela Islândia. logo pela manhã, cruzamo-nos com um grupo de holandeses. perguntaram-nos de onde vínhamos. quando dissemos "Portugal" os risos desapareceram. por segundos, estranhamos. depois disseram "que grande tragedia os incêndios que estão a acontecer!". nós não sabíamos de nada. fomos a correr ver o facebook. e lá estavam as notícias dramáticas. nao podíamos fazer nada para além de garantir que os nossos estavam bem. continuamos a viagem, e acompanhamos à distância. os números da morte a crescer, os relatos doridos a entrar-nos olhos dentro, a impotência... acompanhamos a distância, e isso custa. que saibamos todos reconstruir-nos depois do negro cobrir o país. 

27.6.17

e x subiu montanhas, desceu montanhas, caminhou sobre pedras, e campos de lava, e chão fervente, e glaciares, e areia negra. e x caminhou quilómetros, subiu e desceu escadas, e trilhos de pedra. e x  nem por um momento se sentiu cansada ou a asfixiar. a operação ao nariz funcionou, e x nunca se sentiu tão bem como agora.
foi tudo arrebatador. mas foi ao chegar a costa norte, debruada com algumas poucas praias negras e mar cinzento revolto, que x sentiu o estômago encolher. x sentiu que chegava a uma casa distante de onde há muito havia partido. x encolheu-se. e ficou em silêncio na expectativa de encontrar respostas. a única que lhe chegou foi que o mundo, por vezes, não é para compreender. 

26.6.17

Islândia 2017




Islândia 2017









estamos a meio do 2017. em meia dúzia de meses, x conseguiu fazer coisas que adiava há dez anos. agora x propõe-se a mais um desafio. este:


#quirguistão2018

até lá, x tem de ficar em forma para dias a fio de trekking. respirar, x já consegue.





islândia, junho de 2017

x voltou. com os olhos cheios. e mais um sonho cumprido.

quando conseguir, x relatará a experiência. para já, x vai ser egoísta - x não quer, ainda, partilhar o que viu, o que sentiu, o que viveu. x quer apenas continuar a saborear sozinha tudo isso. como se fosse só seu.

17.6.17

onde vais x?

depois dias a fio sem fazer quase mais nada que não fosse trabalhar. x quase quase a ficar chéché. ainda assim conseguiu acabar tudo o que tinha para fazer. eram 2 da manhã quando x enviou  o último email. são 4.17h da manhã. x está a fazer tempo para ir para o aeroporto. x teme piscar um olho e ficar a dormir durante três dias seguidos. falta pouco mais de uma hora para x estar no aeroporto. x jura que nunca mais marca voos de madrugada. foda-se! 

15.6.17

x suspeita estar no auge da sua misantropia. mas no auge mesmo no auge...

13.6.17

daqui a quatro dias e uns pozinhos x voa para  reykjavik.

o que é que x tem preparado?

tirando os bilhetes de avião e o seguro de viagem, NADA.

10.6.17

quatro dias intensos de formação em Londres. teste mbti - x é do tipo intp. teste disc - x é totalmente dominance. resumindo, x foi a Londres basicamente para confirmar que tem um feitio do demo.

4.6.17

quando estás a fazer a mala e começas a ver noticias de atentados frescos no teu local de destino a única coisa que pensas é "foda-se!".

3.6.17

a dar rodagem as botas novas a ver se os pés de x não se queixam na Islândia!

28.5.17

e ao décimo primeiro dia resta uma pequenina mancha amarelada do hematoma por baixo do olho esquerdo e a cara ainda inchada mas já aceitável para sair à rua sem assustar ninguém. a dermatite passou, a pele escamou toda, mas agora parece pele de bebé. o nariz só estará completamente pronto daqui a mais ou menos um ano. por fora está diferente, sem parecer estar diferente. por dentro é completamente novo e respira. depois de seis dias úteis em casa, x volta ao trabalho amanhã. passemos à próxima aventura. esta foi um gosto!

18.5.17

x teve umas semanas duras de trabalho e andava fisicamente esgotada. por isso, x sabia que havia uma forte hipótese de não conseguir acordar às 6 da manhã para estar na clínica às 7. e x não acordou às 6h. acordou às 6.59h, talvez por intervenção da divina providencia. x saltou da cama num pulo, enfiou uma roupa qualquer, correu porta fora e passados 6 minutos estava a apanhar um táxi que foi a abrir até às avenidas novas. x entrou a correr na clínica às 7.20h, a operação estava marcada para as 7.30h. papeis assinados, roupa tirada, bata vestida, x cheia de sono - e, talvez, de remelas -, cateter para aqui, soro para acolá, questionários vários, fotos e, por fim, bloco operatório. x vê o aparato médico e fica assim entre o calma e o catatónica. depois ouve "bons sonhos". e plim, x dormiu. acordou cerca de duas horas depois, com uma voz que dizia "x, x, já acabou x. acorde x, correu tudo bem e o nariz ficou perfeito. lembre-se que tem o nariz tapado x, tem de respirar pela boca...". neste momento, x abriu um olho, e ainda sob efeito dos restos do propofol, disse  "há 10 anos que quase só respiro pela boca, a modos que isso é o meu estado normal!". a anestesista riu e respondeu "caraças que respirava mesmo mal!". e depois de ficar umas horas no recobro, x voltou a casa, sem dores e sem mal estar de maior. segunda feira, x tira os tampões. se conseguir respirar, x vai chorar de felicidade. ainda por cima os cirurgiões disseram "e o nariz ficou muito bonito!". pronto, foi isto!

17.5.17

a cirurgia de x é amanhã. ou melhor, é daqui a mais ou menos oito horas. x sabe que vai ficar com a cara como um bolo durante, pelo menos, uma semana. mas tem esperança que ao fim desse tempo possa, por fim, respirar como uma pessoa normal. assim seja.

11.5.17

x tem tido tanto trabalho que tem andado em modo robot. entretanto, esqueceu-se de fazer alguns exames e teve de andar a correr para os conseguir ter em tempo para a cirurgia. pelo caminho o frigorífico de x morreu. é mais um pingarelho para resolver. para além desse x tem, também, de comprar uma cama nos próximos dias. e pagar a viagem à islândia. pelo menos já entregou o irs, e pagou o iva do primeiro trimestre. e a cirurgia. uma pipa de massa de uma vez. pimba! doeu. porra. bom, x está a trabalhar desde as dez da manhã. são duas da madrugada. pelo meio só parou para almoçar uma salada, beber dois ou três cafés, jantar uns ovos mexidos mal enjorcados, trocar meia dúzia de frases com os colegas de trabalho, mudar o som no youtube cada vez que aquilo insiste em passar radiohead, e ver dois ou três vloggers a falar do salvador sobral. x riu à gargalhada com alguns. foi, talvez, o momento alto do dia de x. x vai dormir. daqui a seis horas tem de estar pronta a ter mais um dia de cão. 

2.5.17

coisas que x abomina: a festa de casamento, todo o ritual do casamento, toda a histeria colectiva à volta do casamento, noivas, vestidos de noiva, bolos de noiva, tudo - absolutamente tudo - o que tenha a ver com noivas. x nem sabe bem explicar porquê, mas abomina de forma visceral isso tudo.

sem contar, este fim de semana x cruzou-se com uma amiga de há muito mas que x já não via há anos. depois de um mau casamento, um mau divórcio e um pós-divórcio, talvez, ainda pior, x encontrou a amiga de há muito transtornada, cansada, profundamente triste e  enfiada num buraco que parece não ter fundo. e, às tantas,  depois de pouco tempo de conversa, x deu por si a pensar - de forma, talvez, um bocadinho egoísta - que tem uma vida incrivelmente tranquila e que não a trocava por nada. 

27.4.17


Smashing Pumpkins - Disarm

há muitos anos - mais de vinte - x partilhou-se com uma pessoa especial. depois a vida havia de separar x dessa pessoa. foi um afastamento consciente, mas duro. é difícil apartar-nos de pessoas que são especiais, mesmo quando sabemos que o caminho tem de ser esse. e x foi por um lado e essa pessoa foi por outro.  foi uma separação difícil, mas necessária. x e essa pessoa respeitaram-se sempre. e, na verdade, sempre gostaram muito do que eram juntos. no  entanto, por várias vicissitudes da vida, x e essa pessoa tudo fizeram para ser manterem apartados. ainda assim, x e essa pessoa, nunca se reconciliaram consigo por as coisas terem sido como foram. ou, talvez, por não terem sido como podiam ter sido. mas nem x nem essa pessoa se deram o tempo necessário para os caminhos se voltarem a cruzar. talvez por isso, de vez em quando, as memórias voltam. como hoje. x sonhou com essa pessoa. x raramente tem sonhos vãos. e ter hoje sonhado com essa pessoa não foi, certamente, um acaso. mais certezas se firmaram em x quando, também hoje, se cruzou com este som que foi banda sonora desses tempos idos. e, sobretudo, de um adeus que nunca foi verdadeiramente dito. 


25.4.17

ninguém diz que a coisa mais extraordinária que se sente quando se está sem fumar é a enorme liberdade que é não ter de pensar se temos isqueiro antes de sair de casa de manhã ou se temos tabaco antes de chegar a casa à noite.
quem segue x, sabe que x passou cerca de um ano a aturar uma pessoazinha de metro e vinte a fazer-se de esperta numa empresa que devia ter as (ou, pelo menos, algumas das) pessoas mais competentes do mundo. no entanto, aquilo era um bando de gente incrivelmente incompetente e a pessoazinha de metro e vinte era a imperatriz da imbecilidade. x teve mesmo muita dificuldade em manter a sanidade no meio daquela javardisse de estupidez crónica. x conseguiu sair de lá viva e com os neurónios semi-funcionais, mas tem a certeza que (quase) ninguém percebeu bem o grau de burrice que x tinha de aturar todos os dias. mas, finalmente, hoje o chefe de x teve um chilique neurótico e berrou: "isto é só gente imbecil e esta gaja é estúpida que nem um penedo". e x riu alarvemente e sentiu-se vingada.

21.4.17

dia 2 - UMA pastilha, vontade de fumar igual a ZERO!

x confessa que está surpreendida!

18.4.17

hoje, x inscreveu-se como dadora de medula.

17.4.17


porque não há, nunca houve e dificilmente voltará a haver, algo parecido com sigur rós.

3.4.17


Devotchka - How it ends

é estranho, quando x se sintoniza no que é aqui volta sempre ao que foi além. hoje x sentiu falta. de ontem.

31.3.17

hoje x ficou a saber que parte dos seus problemas respiratórios são causados pelo nariz mal amanhado e um colapso da válvula nasal. também ficou a saber o que são spreader grafts. e depois marcou cirurgia para daqui a mês e meio.

25.3.17

este blog faz 10 anos. estamos em festa. por termos sobrevivido. seguem-se histórias antigas, recuperadas do baú sem fundo que é a vida.
E agora quero silêncio. Chega de ouvir coisas. Não quero ouvir mais nada. Nem mais histórias a preto e branco. Quero o arco-íris. E o som do vento no campo. E umas mãos a tapar-me os olhos e uma voz a dizer-me o caminho. E quero pintar o Amor, como ele é. Um gigante vestido de vermelho.

A sensação que tenho é que um túnel de luz me passa lado a lado. Que o corpo, por dentro, deixou de me pertencer. E que, algures aqui no meio, estará a verdade.


Há um portal distante por onde passamos amiúde. De olhos tapados. Para justificar porque não vemos. Depois acordamos. E o mundo continua a ser. Longe. E o que não vimos continua a assombrar-nos. Como vozes por dentro que se não desinquietam.


"Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos."

Reiner Maria Rilke - O livro das imagens


Sabermo-nos vários não é brincar ao faz de conta. É assumirmo-nos na nossa plenitude. É explorar todas as nossas caras. É conhece-las e aceita-las. É, depois, termos a capacidade de as revelar. É não cairmos na tentação de justificar as nossas falhas por termos várias formas. Porque, na sua multiplicidade, o Eu é só um. E tudo isto é extraordinariamente difícil.


camadas de coisas de agora de antes e de depois


em nós gigantes e invisíveis. em mãos que apertam e se não veem. em tudo que é sem todavia existir. em nós que somos estando além. o mundo às vezes consome.
P1080912_2

"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância."

Simone de Beauvoir


"And your very flesh shall be a great poem."

Walt Whitman

23.3.17

Planos a 3 meses: agarrar um desafio profissional dos bons, aguardar notícias, acabar as aulas da pos-graduação, preparar trabalho final, escrever um artigo para uma revista internacional, consulta de otorrino, cirurgia ao nariz, duas semanas enfiada em casa a recuperar, dar início a um projecto pessoal dos grandes, sonhar com o Range Rover evoque, desistir de comprar o Range Rover evoque, suspirar e mandar limpar e lavar o Peugeot, fazer um corte de cabelo novo, perder os quilos a mais que se me agarraram com os nervos, comprar roupa, comprar muita roupa, viagem de trabalho a Londres, férias na Islândia. Haja saúde!
3 dias em Londres em formação com os melhores dos melhores. coisas da vida de x...

13.3.17

afinal, a visita de corrida não será a copenhaga. será a londres. a vida de x tem arranques desaustinados amiúde. e x continua a surpreender-se todos os dias.

7.3.17

Algo diz a x que antes de viajar para Reykjavik ainda terá de ir de corrida a Copenhaga...

6.3.17

X, hoje, teve a sua entrevista de avaliação. Perante três dos seus pares mor, x falou, e ouviu. Ouviu, sobretudo. O que x vos tem a dizer acerca disso e: sejam fiéis a vocês próprios, não se rendam, não se vendam, não encarreirem, não façam favores, nem digam o que pensam que os demais querem ouvir. Sejam reais, verdadeiros, honestos, únicos. Resulta. Claro que resulta. E x riu, e fez rir, e falou sério, e deu recados. E ouviram-na. E disseram algo como "X tu és grande". X saiu a rir, da mesma forma que entrou. A vida é bonita.

1.3.17

x pediu creme para as rugas. a dermatologista disse "nah!" e receitou isto a x:

28.2.17

o que falta para a islândia:

- fato de banho
- repelente
- protector solar
- botas de caminhada impermeáveis
- casaco quente e impermeável
- corta-vento
- polares
- roupa interior térmica
- meias
- calças confortáveis
- 3 meses e meio de espera!



e x recuperou a máquina fotográfica, escondida há tanto, mas tanto, tempo.

coisas:

- x, finalmente, marcou a consulta para a cirurgia que anda a adiar há anos e que pode mudar-lhe a vida para melhor;
- x, finalmente, entregou a ficha de inscrição para algo que, certamente, lhe vai mudar o resto da vida inteira (esperemos) para melhor;
- x, finalmente, comprou o bilhete para voar para reykjavik e passar uns dias perdida algures na islândia;
- x, finalmente, está a tentar tomar conta da sua vida.


20.2.17

Foram precisos muitos meses para x recuperar a sanidade e livrar-se de todos os sintomas de stress que a acompanharam no último ano. Mas ja passou. Hoje x sente-se bem - sintonizada e tranquila. A irritação constante passou. As dores de cabeça permanentes, as tonturas e todos os sintomas que antes lhe eram estranhos, desapareceram. Falta agora recuperar a forma física. O sorriso nos olhos e a vontade, esses, já voltaram.

16.2.17

um dia na vida de x: trabalhar num relatório até às 2h da manhã. adormecer no sofá. acordar ás 7.30h. ligar para maputo para dar instruções para um trabalho. tomar banho. vestir a roupa. meter o computador na mala e sair de casa a correr. tomar café na rua. pegar no carro. atravessar a cidade. estacionar o carro. chegar ao gabinete. ligar o computador. tomar outro café. acabar o relatório em que esteve a trabalhar até ás 2h da manhã. nos entretantos, responder a vários emails e distribuir trabalhos vários. almoçar a correr. mais emails. trabalhar em dois documentos diferentes à vez. mais um café. meter de novo o computador na mala. sair do escritório a correr. pegar no carro. atravessar a cidade. entrar de novo na faculdade onde passou 6 anos de vida. 3 horas de aulas de pós gradução. arrumar a documentação na mala. pegar no carro. atravessar a cidade. estacionar o carro. entrar em casa. fazer o jantar. comer. pegar de novo no computador.  mais um trabalho para acabar. ou melhor, dois. perder a vontade. x vai mas é deitar-se no sofá e fazer festas ao gato. são 23.14h.

13.2.17

X comprou casa há seis anos. Na altura, a zona onde x comprou casa era desprezada. Hoje, e uma das zonas hype de lisboa. Na altura, a casa de x custou 122,500 euros e x gastou mais 30,000 em obras. Hoje, na zona onde x mora andam a pedir 3,500 euros por m2. Contas feitas por alto e a casa de x poderia "valer" perto de meio milhão de euros. A casa de x nem em sonhos vale meio milhão de euros. A isto se chama especulação. E quem compra nestas condições ou e estupido, ou e estupido. 

9.2.17

consequências de sair da europa no pico do inverno e aterrar em áfrica no pico do verão - ficar com o corpo todo colado, o cabelo sem jeito, a roupa a incomodar por todo o lado, as pernas inchadas... basicamente, ficar com um ar de merda!

6.2.17

6 de fevereiro de 2017. há exactamente dez anos, x dava os primeiros passos em áfrica. x chegou a maputo fugida do inverno de lisboa, e do frio que lhe tolhia a alma. em maputo, sozinha e disposta a comer o mundo, descobriu em poucos dias tanto que não conseguiu ver durante anos. ao primeiro sopro de calor africano de fevereiro que lhe arrebatou o corpo, x soube - tinha escolhido um caminho difícil mas só dependia de si torná-lo o futuro que x sabia merecer. x não tinha margem para errar. tinha apostado todas as fichas deste jogo malandro que é a vida neste caminho que desconhecia  mas que estava disposta a morder com os dentes todos. hoje, passados dez anos, x está de volta a maputo. e hoje, enquanto x fumava um cigarro debaixo das acácias no alpendre do sítio que há anos a acolheu, x sorriu e pensou como a vida, por vezes, não se engana. hoje, x desceu do avião, como há dez anos. hoje, o calor que cobriu o corpo de x, foi o mesmo de há dez anos. mas hoje, x sabia exactamente para onde ir. x chegou ao destino e foi recebida como uma pessoa da casa. com abraços e sorrisos. bem-vinda x, tu que daqui nunca verdadeiramente saíste.

4.2.17

X passa dias ao telefone com um cliente. A determinado momento x diz "aí e tal se o vosso contrato tiver um valo superior a 25 milhões de dólares...". O cliente interrompe x e diz " bom, o nosso contrato deve ter um valor entre... sei lá... um e dois bis!". X para e pensa "foda-se!".

1.2.17

Há uns meses, x ganhou um sinal estranho no corpo. Hoje, finalmente, teve uma consulta de dermatologia. Minutos depois de entrar no consultório soube que o sinal estranho era um tumor benigno sem gravidade. Ainda assim, X decidiu tirá-lo de imediato. Levou 2 minutos. Depois aproveitou para ver o couro cabeludo irritado e pedir um creme para as rugas. A médica disse que x não precisava disso e recomendou apenas um hidratante com jeitos. X e a médica riram-se a valer e depois despediram-se com dois beijinhos. Passados 30 minutos de dar entrada no hospital, x estava de volta ao trabalho. Que médica extraordinária, simpática, divertida, sem merdas e, sobretudo, eficiente. E x não a conhecia de lado nenhum. Chama-se Ana Ferreira, e da consultas no Hospital da Luz. De nada.

19.1.17

E x foi promovida para um cargo de gente grande. E x ficou pasmada, porque apesar de já ser grande, acha ainda que é tão pequena. A vida é estranha!

18.1.17

Num espaço de poucas horas, x falou com duas pessoas que não se conhecem. Uma dizia "vou-me divorciar" e outra dizia "vou-me casar". X reagiu a ambas com um "ah, ok". 

17.1.17

X andava há muito tempo zangada. Com o mundo, com os outros, consigo, com tudo. Mas hoje foi diferente. Hoje x sentiu o sol na pele e o sorriso rasgado em todas as direcções. Hoje x sentiu-se voltar a si. E até a voz de x ganhou um tom mais doce. 
E hoje x podia ter descolado os pés do chão. Mas não. Eles continuaram lá firmes. Do outro lado, as almas perdidas. Aquelas que x tem tendência de recolher no regaço. Mas desta vez não. X não levantou os pés. Pena que tantos estejam agora no limbo. E triste ver pessoas tristes. Mas a tristeza tem de ser curada por quem a carrega por dentro. X não chega lá. Nem tem de chegar. X chegou a idade adulta. Ainda que continue a ter muito de Peter Pan.
E daqui a 15 dias, x está de volta à África! 
Há coisas na blogosfera que x descompreende!
E x passou-se. Mandou meia dúzia de berros e tirou uma semana de férias só porque sim. Foi uma semana longa e cheia de novidades. X reencontrou-se com pessoas e tomou decisões. E fez planos, talvez pela primeira vez na vida fez planos. E, por isso, x tem como metas este ano: voltar à escola e fazer uma pôs-graduação na área que mais lhe interessa, tirar uns dias para fazer a operação que há anos anda a evitar, viajar sozinha pela Islândia, recuperar pessoas, rir horrores e viver a puta da vida como deve ser vivida - sem merdas!

16.1.17

Viagem a Islândia marcada! Ufa que tardava!
das borboletas que crescem por dentro. dos olhos que brilham. do querer mais. do querer tudo. do ir. e do comer o mundo com vontade. do correr descalça de olhos fechados em direcção ao desconhecido. da paz irrequieta no corpo de carne e de luz. hoje. e amanhã.

11.1.17

E dez anos depois a vida de x anuncia novas revoadas. Oxalá!
Tarde de sol ao pé do mar acompanhada de pina coladas. Das coisas simples que nos devolvem a alma.

10.1.17

Aquela coisa da crise dos 40 e mesmo verdade - repensamos os caminhos, ficamos hipocondríacos, com medo da morte e, por ventura, com vontade de recomeçar algures. Mas também tem coisas boas - reencontras pessoas que já não vias há 20 anos porque elas também andam meias perdidas por aí em crises existenciais semelhantes, depois de terem levado esse tempo em vidas talvez  demasiado sérias, talvez demasiado cedo.
X começa 2017 despida de tudo mas com a sensação que o futuro deixou de estar em ponto morto. 
Desafio #2017 - Escrever no blog pelo menos uma vez por dia. Nem que seja para dizer "foda-se".
E, às vezes, o que apetece é isto - despir-nos do mundo de fora e fazer do sofá o nosso império.

A luz de lisboa a tomar conta da casa. Ha dias bonitos.

8.1.17

Reorganizar a casa toda, recuperar e organizar os cds, libertar os livros, mudar as cores, destralhar, responder a mensagens há muito pendentes, recuperar o fôlego, tentar por a vida em ordem, desneurar, reencontrar amigos há muito tempo distantes. Este é o estado de x.