13.10.11

não nos distinguindo sobremaneira no essencial, é curioso perceber como somos todos tão diferentes na reacção ao mesmo. e como, quase sempre, sobrevalorizamos as razões. ou a falta delas.


ocorreu-me, entretanto, que talvez sejam os excessos que dão maior sensação de sermos iguais aos (ou, de certa maneira, melhor aceites pelos) demais. a placidez é confundida em demasia com apatia. ou então frieza. a assertividade, com arrogância. ou então frieza. a intransigência, com teimosia. ou então frieza. o dizer "não", "basta", "fim", com insensibilidade. frieza, portanto.


simplificando, são os excessos, as lágrimas berradas ou as justificações esticadas ao limite na tentativa de nos perdoarmos a nós próprios que nos aproximam dos quase todos. ainda que essa proximidade seja, quase sempre, oca. e falsa. e estúpida, até. sobretudo se os excessos, as lágrimas berradas ou as justificações esticadas ao limite tiverem público. esse mesmo público que se deleita quase sempre com os excessos alheios.


eu assumo com as letras todas: no processo de decisão sou assertiva, intransigente e, sempre que necessário, digo "não", "basta" e "fim" sem quaisquer remorsos e, quase sempre, com placidez. nos padrões mais ou menos convencionais devo ser fria, portanto. ah, e não gosto de público. os meus excessos são sempre privados.

12 comentários:

Vegan Wolf disse...

os meus são anónimos. =)

sem-se-ver disse...

(rindo com vegan wolf)

os meus mais graves 'nao', 'basta' e 'fim' não são sequer ditos. desapareço. corto. ponto final.

nesse sentido, nem privados são. são íntimos.

x disse...

(rindo co os dois)

pois vendo bem as coisas os meus mais graves não, basta e fim foram mesmo silenciosos. desaparecendo, cortando e ponto final. e quem não gostar que se amanhe!

privados são todos os excessos restantes! e normalmente solitários também. :)

João L. disse...

Como dizia aquele tipo Vienense que viveu no princípio do século passado, cujo neto, o Lucian, pintor, morreu em Julho passado, antes de afirmares as tuas convicções, first make sure you are not, in fact, just surrounded by assholes. De outro modo cai-se no ditado das pérolas para porcos ou nas palavras blowing in the wind.

PS. Nunca lhe achei grande piada, ao Vienense, mas que deixou uma marca, lá isso deixou.

PS2. Pronto, era isto :)

x disse...

joão - surrounded by assholes or not eu afirmo sempre as minhas convicções. e se me chateiam menos a sério o pior que pode acontecer é a mandar tudo para o piiiiiiiiiiiiiiiii.... ;)

e, assumindo a minha ignorância, quem é esse Vienense?

João L. disse...

Pois, no caso dos assholes eu prefiro dizer-lhes que vão levar no ass.

O Vienense era o Sigmund Freud. Acho que o Lucian Freud era neto dele.

x disse...

lolll não sabia que tinh sido ele a dizer isso!!

João L. disse...

X, o que, de facto, ele disse (ou parece que disse) foi.
Before you diagnose yourself with depression or low self-esteem, first make sure you are not, in fact, just surrounded by assholes.

Eu estava apenas a delirar; é que acho que o que ele disse tem uma aplicação mais geral embora, como disse, não aprecie por aí além o pensamento do homem.

Mas se calhar estou é a precisar de um licor Beirão com lima. O que é que se espera de um tipo que ingere estes líquidos?

x disse...

eu conheço a frase - vi-a ainda ha dias num blog - mas como atribuida a um tal william gibson!

tb bebia um desses... ;)

Vegan Wolf disse...

olhem, eu cá sou chato.
para "largar" preciso de um não com toda a convicção do mundo e ainda agradeço.
se me custa desistir do que quero, mais ainda das pessoas de quem gosto.

o que me deixa completamente lixado são as indecisas, as "eu gosto de ti como amigo".
se somos amigos ou amigas de alguém que gosta de nós e não lhe podemos corresponder, afastamos-nos.
ficar é pior para os dois.

até ver, sempre que sou eu a ter de "cortar", nem "não" digo.
desapareço sem deixar rasto porque acho que é mais fácil para quem fica.
ter a pessoa de quem se gosta ali ao lado sem o poder viver é como um burro com a cenoura á frente sem a poder comer. é tortura que não desejo a ninguém.

só que sou de excessos.
e sim, são anónimos. =)

x disse...

roger that vegan! mas a minhas palavras aplicam-se a tudo na vida e não só a pessoas de quem se gosta e que não gostam de volta... ;)

Vegan Wolf disse...

eu sou teimoso em tudo na vida. =P