31.10.11

vim a reconhecer que nunca havia percebido muito bem quando te ouvia coisas como "não sinto a realidade" ou "fiquei sem referências de espaço e tempo". talvez até desdenhasse tudo o que ouvia. com aquele meu ar de enfado de quem pensava tudo saber. talvez até adoptasse uma postura paternalista. até eu própria ter entrado nesse mundo para onde fui empurrada. onde a realidade passa a não ser (ou a ser em várias frentes). e o espaço e o tempo se misturam até nos desorientar os sentidos. e sabes, às vezes faço de conta, mas ainda não saí de lá. desse mundo que é sem ser. ou que não parece ser, ainda que seja mais que qualquer outro. contudo, em esforço, vou mantendo os pés assentes. mas é difícil. e é sobretudo difícil fazer perceber a quem não saí do espaço da razão que o mundo além é tão vivo quanto aquém. e ainda assim, às vezes, gostava de ser só aqui. a dispersão por dentro consome. por isso hoje percebo-te a necessidade de agarrar a matéria. mas eu não consigo ainda fazê-lo. não tenho suficientes razões para isso. vagueio, portanto, no lado nenhum.

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