2012 ficará sempre como o ano em que disse adeus. quando se diz adeus fica-se com menos palavras perdidas. é tudo mais objectivo. mais claro. mais vazio, mas mais leve. em 2013 este blog será diferente.
rasguei-te a pele com os dentes, mordi-te coração e cuspi-o, limpei a boca e segui.
30.12.12
27.12.12
coisas aleatórias várias que não percebo ou que me recuso a perceber:
cupcakes, reality shows em geral, loja no chiado quase só com pais natal, hamsters, horatio caine, casinos, sapatos bicudos, bom bocados, espumante doce, ricardo araújo pereira e nuno markl (quase sempre e em ex aequo), nespresso, torresmos, irmãos catita e todos os seus sucedâneos, hamburgueres do mcdonalds, flores mortas, marcha nupcial, anonas, autos do gil vicente, jornal sol, tequilla, pecado e penitência católicos, escamas de qualquer natureza, bonecos animados com cara de imbecil, bibelots e potpourri, o sebastianismo, aipo, o filme holocausto canibal, vinho do dão e açucar no chá.
24.12.12
22.12.12
21.12.12
20.12.12
desde há umas semanas que temia que a minha saúde não andasse lá muito bem. sentia-me exausta, com a mente extraordinariamente confusa e o cérebro assim como que inchado e prestes a esvair-se pelos ouvidos. até que debaixo de uma série de papéis perdidos reencontrei-me com os óculos. e lentamente a nuvem carregada por cima dos olhos dissipa-se.
19.12.12
17.12.12
pela primeira vez entrei com propósito em partes de lojas dedicadas exclusivamente a recém nascidos. começou por me dar tonturas. a parafernália de coisas é doentia. depois encontrei o vestido perfeito. e ao olhar para ele fiquei a pensar porque é que nunca me deu para ter filhos. a beatriz nasce em fevereiro, ou março. será a minha primeira sobrinha. e temo que me vá mudar a vida.
14.12.12
13.12.12
quando entrei para a faculdade achei que boa parte dos meus colegas eram um bando de putos mimados que se levava demasiado a sério sem que tivessem conteúdo para tal. eu via-me como uma miúda ignorante que pouco ou nada sabia da vida. quando acabei o curso e comecei a trabalhar na minha área de formação achei que boa parte dos meus colegas eram mesmo uns idiotas que se levavam demasiado a sério sem que tivessem conteúdo para tal. eu continuava a ver-me como uma miúda ignorante que pouco ou nada sabia da vida. hoje, passados uns bons anos, vejo que boa parte dos meu colegas são, de facto, meio abestados, mas que também existe o lado bom da força e que há gente nesta profissão que não só vale a pena como é incrivelmente divertida. não obstante, a grande maioria continua a ser composta por palermas que se levam demasiado a sério sem que tenham conteúdo para tal. eu cá, continuo a ver-me como uma miúda pouco mais que ignorante embora já saiba um bocadinho mais da vida. continuo é a não levar-me muito a sério. deve ser por isso que tenho conversas surreais com clientes que entre gargalhadas me dizem coisas como "x hope to meet you so we can drink a bottle of wine!".
12.12.12
11.12.12
já aqui disse várias vezes que não faço planos. na verdade, nem sei fazer planos. tenho assim umas ideias abstractas que ao longo do tempo, e sem que pense muito no assunto, se vão materializando. não faço grandes esforços para concretizar nada. sempre que sinto que me estou a esforçar em demasia parece-me que estou a empurrar o destino ou a forçar algo que não é suposto. a modos que lanço assim umas ideias no ar e deixo a vida tratar do resto. no entanto, quando páro para pensar ou medir o meu percurso, tenho sempre a sensação que estou a cumprir um trajecto já definido há muito. raramente me desvio do essencial. tenho sempre a sensação que sigo em frente e às cegas. mas tudo acontece sem que me aperceba com propriedade dos avanços. ou sequer os meça. e isto é curioso pois concedo que quem não me conhece há de pensar que planifico a minha vida com régua e esquadro. não é de todo verdade. e isto tudo para dizer que me sinto no fim de um ciclo. e que sinto que algo de muito extraordinário vem por ai.
29.11.12
como marcar férias na mongólia em seis passos:
1. pagar o iva do terceiro trimestre;
2. pagar quotas em atraso à ordem;
3. pagar contribuições em atraso à caixa de previdência;
4. pensar a seguir "foda-se, estou farta de trabalhar para benefício quase só dos outros, é agora que vou à mongólia.";
5. ir ao website da nomad;
6. pagar no multibanco.
1. pagar o iva do terceiro trimestre;
2. pagar quotas em atraso à ordem;
3. pagar contribuições em atraso à caixa de previdência;
4. pensar a seguir "foda-se, estou farta de trabalhar para benefício quase só dos outros, é agora que vou à mongólia.";
5. ir ao website da nomad;
6. pagar no multibanco.
28.11.12
hoje sonhei com pessoas improváveis numa casa improvável. nos rostos, o desgaste impiedoso da rotina. nos corpos, o peso do tempo. na cama, a desistência do amanhã. ao lado, uma porta para a paz. em pé, a maldade enviesada. no meio, eu, disfarçada de borboleta. os meus sonhos estão a ficar cada vez mais estranhos.
quer no contexto profissional quer no pessoal, nunca prejudiquei deliberadamente ninguém; nunca fiz intrigas, espalhei boatos ou contei coisas que não devia; nunca fiz juízos de valor para além da opinião que pudesse dar caso mo pedissem, de acordo com as minhas próprias convicções bem como com os elementos de que tinha conhecimento acerca do caso concreto; nunca ultrapassei ninguém; nunca pedi a ninguém que fizesse alguma coisa ou tomasse alguma decisão que fosse contra as suas próprias convicções ou vontades; nunca tentei mudar a opinião de terceiros em relação a mim; nunca fiz chantagem emocional; nunca ameacei ninguém com o que quer que fosse; resumindo, nunca fiz nada que não gostasse que me fizessem a mim. no entanto, já cortei uma série de gente da minha lista de contactos ou afinidades por entender que a presença delas na minha vida era prejudicial ao meu equílibrio mental; por entender que não me acrescentavam mais do que irritações pontuais derivadas da imbecilidade crescente; por entender que há relações que se esgotam em momentos ou se gastam pelo decurso do tempo; por entender que naquele momento em concreto a distância era a melhor conselheira; por razões de saúde, pois até eu tenho um limite de resistência ao desgaste emocional ou físico decorrente de variadissimas situações. isto tudo para dizer que a inveja é fodida. o remorso também.
25.11.12
desde há uns anos a esta parte a minha vida disparou em velocidade de cruzeiro em direcção a sítios que não esperaria. encontro-me hoje num dilema: se por um lado continuo a ser a menina que veio da província com muito pouco na bagagem para além de muitas expectativas, por outro vejo-me em vias de o que nunca ambicionei nem nunca pensei sequer como possível se estar a tornar uma realidade incontornável sem que nada de verdadeiramente extraordinário tenha feito que não ser correcta e assertiva em tudo e com todos. já aqui disse que novembro costuma mudar-me a vida, este não vai ser diferente. e desta vez juro que os acontecimentos me deixam de boca aberta. o universo está a dizer-me: "x começa a levar-te a sério pois tu és." pois, eu até sei disso, mas ainda assim custa-me deixar o padrão da menina que veio da província com pouco mais do que expectativas no bolso. este novembro já me disse que, por muito que até quisesse, o passado nunca ficará para trás. mas também foi claro em mostrar que um amanhã sem precedentes está agora a começar. não tenho medo. estou só pasmada.
23.11.12
21.11.12
20.11.12
Olafur Arnalds ft. Haukur Heidar Hauksson - A hundred reasons
The laughter and the lie in our life
That is where I find, a hundred reasons why
I will follow you into this; I will make sure we'll stay right here; I will
find a way to stay alive; I will follow you into this; I will make sure we'll
stay right here; I will find a way to stay alive; I will find a way to stay
alive; I will follow you the way back home; I will find a way to stay alive; I
will follow you into the end; I will make sure we'll stay right here; I will
find a way to stay alive; I will follow you into this; I will make sure we'll
stay right here; I will find a way to stay alive; I will follow you into this;
I will make sure we'll stay right here; I will find a way to stay alive; I will
follow you into the void.
16.11.12
15.11.12
eu até gostava de ter algo a dizer acerca daqueles do costume de aparecem em manifestações vindos não se sabe de onde ou com que intenções. sempre de cara tapada. sempre ameaçadores. sempre suspeitos. eu até gostava de ter algo a dizer acerca da carga policial em frente ao maior símbolo do estado. e de como o maior símbolo do estado ficou limpo de contestação em poucos segundos. eu até gostava de ter algo a dizer acerca dos velhos que vi levar bastonadas, das mulheres que vi em choque, das lágrimas, dos miúdos assustados, da estupefacção geral. eu até gostava de ter algo a dizer acerca do absurdo que se seguiu durante horas. e acerca do assalto à baixa da cidade, e das sirenes que ouvi insistentemente rua abaixo. eu até gostava de ter algo a dizer acerca das palavras dos altos representates da nação acerca do assunto. eu até gostava de ter algo a dizer acerca de tudo isso. mas fiquei sem outras palavras que não estas: ontem, às 18.16h abriu-se uma caixa de pandora. eu vi em directo no stream da RT. e não consegui conter as lágrimas. já não consigo sentir raiva. só uma profunda tristeza. e é esta impotência que nos rouba a liberdade.
7.11.12
depois de cerca de seis anos de ausência, ontem voltei ao Café Buenos Aires. ao fim de uns minutos, tive um brutal ataque de alergia devido ao pó que circulava no espaço - indetectável ao comum dos mortais, suponho. tive de acabar o jantar a correr de modo a sair rapidamente daquele espaço. quando cheguei à rua tinha o nariz, a garganta e os olhos numa lástima. vou naturalmente assumir este episódio como a prova irrefutável de que não posso de todo estar em espaços com veludos, livros ou papel antigo juntamente com ventoinhas que fazem pulular particulas pelo ar. mas eu até podia ver nesta sequência algo mais encriptado e retorcido - não se volta onde já se foi feliz. a comida também me soube bastante mal por sinal.
do Saramago (porque ontem estive a arrumar livros dele):
Memorial do Convento - é o livro. grandes personagens, grande narrativa, grande imaginário, grande construção de palavras. brilhante.
Ensaio sobre a Cegueira - não tendo, nem por sombras, a genialidade do Memorial, é uma espécie de relato cinematográfico muito bem conseguido, alavancado na descrição convincente de como o ser humano facilmente se torna uma besta.
Levantado do Chão - tem alguma graça pelo notório calor do momento político em que foi escrito.
Jangada de Pedra - tem piada pela representação do isolamento lusitano mais ou menos auto infligido e da (ainda que sempre algo tímida) afirmação da nossa condição de não alinhados nesta coisa que se chama europa. É quase um statement de uma espécie de orgulhosamente sós e à deriva em permanência mas gostamos da viagem pá! A portugalidade, sempre hesitante entre o este e o oeste ,até que uma força semi-oculta empurre o destino em direcção a algures.
O Ano da Morte de Ricardo Reis - tem especial interesse se for lido por alguém que gosta muito de Lisboa e está fora de Lisboa. eu gosto muito de Lisboa e li-o fora de Lisboa. por isso, é dos meus preferidos. se o tivesse lido em outras circunstâncias talvez não tivesse o mesmo impacto.
As Intermitências da Morte - é um bom título para uma boa ideia mas que, na minha opinião, raras vezes passa disso ao longo de todo o livro.
Terra do Pecado, A Caverna, História do Cerco de Lisboa e Todos os Nomes - todos são bastante maus. a História do Cerco de Lisboa começa com uma ideia quase brilhante. depois perde-se e torna-se numa espécie de folhetim. na altura fiquei chateada!
Ensaio sobre a Lucidez - aborreceu-me de morte, embora reconheça que já andava com pouca paciência para o Saramago quando o li e por isso o problema até pode ser meu.
O Homem Duplicado e A Viagem do Elefante - ficaram pelas primeiras páginas por já não ter pachorra.
Manual de Pintura e Caligrafia, Caim e Clarabóia - são aqueles em que nunca sequer peguei.
resumindo: simpatizo com o Saramago e gosto (até bastante) de alguns livros do Saramago. era antes de mais um escritor coerente. mas raras vezes atingiu o génio. ainda assim, faço questão de ler os Cadernos de Lanzarote. um dia qualquer.
5.11.12
3.11.12
1.11.12
a importância do sexo raras vezes ultrapassa o imediato. ultrapassando-o, o universo inteiro fica do avesso. mas, não se tratando de um desses raros eventos, salvo eventuais cócegas no ego, no dia seguinte o mundo continua absolutamente igual. por isso, poupem-me a dilemas existenciais ou conversas de sacristia.
29.10.12
há muito tempo que não compro livros. jurei a mim mesma que antes ia ocupar-me de alguns dos imensos que tenho espalhados por casa. tenho vindo a confirmar que não consigo ler romances. divido-me entre a poesia, história e filosofia. quando o tempo me deixa, pelo menos. hoje peguei na "Breve História do Progresso" de Ronald Wright.
começo o dia às 8.45. banho. cabelo. roupa. café. ligam-me às 9.45. ai e tal que já me tinham ligado duas vezes de paris por causa da conferência e coiso. era só às minhas 10.30, sabia lá eu que ia mudar a hora. aguentem-se e liguem mais tarde. despachar. carro. trânsito. garagem. elevador. 10.10, estou no escritório, organizo emails e preparo a conferência. 10.30, o telefone toca. cerca de meia hora de blablabla para aqui e blablabla para acolá. fim. confirmo outra conferência para as 11.30... ufa afinal nesta não é preciso eu estar presente. respiro, penso em beber outro café, desta vez descansada. o telefone toca novamente. atendo. saio disparada para apanhar alguém algures na cidade e levar de urgência para o hospital. são 13.30, estou cansada.
28.10.12
22.10.12
20.10.12
18.10.12
segunda-feira levantei-me às 7h e estive a trabalhar até às 22.30h, sem parar. terça-feira levantei-me às 8h e estive a trabalhar até à meia noite, sem parar. ontem acordei às 8.15h e estive a trabalhar até às 2h da manhã, sem parar. hoje acordei às 8.15h e não sei até que horas vou estar a trabalhar, sem parar, mas há-de ser até amanhã. não se trata de nenhum pico de trabalho em especial. é o meu dia-a-dia desde há muito tempo. por isso irrita-me bastante quando oiço alguém que trabalha das 9h às 17h (ou, em certos casos, menos) dizer que está muito cansado e tal porque trabalha muito e tal e não têm tempo para estar com os filhos e tal, nem para ter vida como ir ao cinema, ou jantar, ou fazer desporto, ou outras coisas do género e tal. é que eu não tenho sequer tempo para pensar nisso. nem para estar cansada. por isso, evitem ter esse discurso ao pé de mim sob pena de me dar as iras e mandar alguém para o caralho. dito.
15.10.12
há pouco mais de cinco anos, escrevia sobre Bamako,filme de Adderrahmane Sissako que acabara de ver no Dockanema em Maputo. escrevia com raiva. ainda que temperada pela inocência própria de quem se espanta quando percebe a omnipresença do mal no mundo. foi em "Bamako" que, pela primeira vez, vi tão bem retratado o papel de organizações que parecem insuspeitas aos nossos olhos ocidentais. à minha raiva acrescia o profundo desalento que foi conhecer de perto o trabalho de algumas agências humanitárias , ou de cooperação, ou de ajuda internacional - ou o raio que os parta a quase todas -, que as mais das vezes não são mais do que grandes negócios. muitas vezes com propósitos deliberadamente desestabilizadores, manipuladores e perpetuadores da miséria. foi mais ou menos nessa altura que deixei de ter vontade de trabalhar para as nações unidas ou qualquer outra organização internacional do género. salvo raríssimas excepções, a política e os pequenos interesses de uma imensa minoria sobrepõem-se, quase sempre, à vida de quem não é mais que um número, uma estatística representada em dólares que, amealhados em banquetes de ricos, vão quase todos parar directamente ao bolso de outros igualmente ricos. tudo em nome dos pobres. a suprema barbárie, portanto. "Bamako" fala em primeiras vozes do sofrimento atroz, da manipulação pura, da descaracterização cultural e da aniquilação da identidade causadas pelas políticas imorais, torpes e gananciosas do alimentadores do banco mundial e do fmi. mas jamais imaginaria que viria a ver a europa sofrer com os efeitos do veneno que ajudou a criar. o texto termina assim; "No fim, e apesar de tudo, o filme acaba com uma certa esperança na mudança das coisas. Esperança que vem de pessoas que não têm razão nenhuma para esperar o que quer que seja. Uma esperança que, apesar de tudo, quase não existe no ocidente. A esperança de quem não tem nada a perder." na europa passa-se hoje o mesmo. propaga-se o sofrimento atroz, a manipulação pura, a descaracterização cultural e a aniquilação de identidades, destruídas às mãos das políticas imorais, torpes e gananciosas do banco mundial e do fmi. e, já agora, da bruxelas de hoje, e de todos os lobos financeiros que alimentam esses monstros insaciáveis. mas aqui, hoje, a esperança esvai-se e muita gente já não tem nada a perder. e é em momentos destes que o caos se sobrepõe à lucidez. é em momentos destes que a insanidade impera. resumindo,todo o sistema está alavancado num enorme embuste. e hoje, pela primeira vez, temo pelo futuro próximo da europa.
8.10.12
em 2008, em pleno processo desassossegado de ruptura com quase tudo, passei mais de duas horas com as lágrimas a cair pela cara abaixo. não era de tristeza. nem de infelicidade. era antes de reconhecimento. de pertença. de regresso a casa. foi arrebatador. e deixou-me sem palavras. só com estrelas. tive vontade de ficar ali. para sempre. ali. assim. o tudo e o todo concentrado num momento. eterno. enorme.
em 2013, o dia 14 de fevereiro vai ser perfeito. mesmo que meta as mesmas lágrimas incontroláveis.
SIGUR RÓS. CAMPO PEQUENO.
(BILHETES COMPRADOS E RELIGIOSAMENTE GUARDADOS)
(BILHETES COMPRADOS E RELIGIOSAMENTE GUARDADOS)
5.10.12
28.9.12
26.9.12
16.9.12
12.9.12
4.9.12
3.9.12
2.9.12
31.8.12
29.8.12
28.8.12
27.8.12
lisboa acordou cinzenta. abrir o email pessoal. inbox - 93. ler e apagar. abrir o email profissional. inbox - dezenas. ler, encaminhar e apagar. aguardar instruções de joanesburgo e de londres. por creme no corpo a ver se a cor se mantém. vestir. tomar café. comer meio queijo fresco com framboesas e linhaça. abrir o facebook onde alguém escreve "ai e tal que saudades de castanhas assadas!". foda-se! o email profissional não pára de apitar, plim, plim, plim... não parece, mas ainda estou de férias sim. e lisboa acordou cinzenta. como eu.
26.8.12
14.8.12
11.8.12
8.8.12
acordei e já estava atrasada. cheguei ao trabalho. despachei coisas. acabei um relatório. consegui por outro a meio. corrigi trabalhos. almocei à pressa. não lanchei. não jantei. recebi uma mensagem que me deu nos nervos. fumei um cigarro, fumei dois, três, seis. acabei com o maço. comecei a responder. enviei. cheguei a casa já era dia seguinte. já estou a imaginar o chefe amanhã na praia com o ipad a ler aquilo e a pensar a minha xizinha passou-se dos cornos. entretanto alguém já me respondeu com um que mensagem mais espectacular. mas temo ter criado um incidente diplomático. foda-se! não tenho tabaco.
6.8.12
há dias, tive notícias de alguém que, em tempos, me foi demasiado próximo. por razões gerais da vida, e por outras mais pessoais, a distância já dura há muitos anos. ao princípio fez-me confusão. depois habituei-me. e agora, na verdade, é raro lembrar. no entanto, tive notícias. e as suspeitas que eu tive há anos, confirmam-se hoje - as pessoas, por vezes, escolhem de forma consciente ser infelizes. e nessa escolha, quase sempre, acarretam um ror de gente. é triste. e desde então eu própria me sinto estranha. como se a tristeza se me tivesse pegado.
2.8.12
para fazer um trabalho preciso de analisar um pacote de documentos. como não me querem disponibilizar cópias em papel, convidaram-me a ir consultar os documentos a joanesburgo com tudo pago. eu respondi que me dava mais jeito londres ou paris, sei lá ... a minha vida anda a roçar o surreal. e é isto!
22.7.12
estar longe:
- recebi a notícia da morte de duas pessoas conhecidas;
- fui contactada por meia dúzia de pessoas com quem já não falava há anos;
- testemunhei à distância a covardia de quem se acha esperto e não passa de mais um idiota como os demais;
- testemunhei de perto que os laços que se criam em certos momentos da vida não se desfazem pela distância;
- percebi que, de facto, há pessoas que simplesmente não percebem o mal que fazem ao próximo e, portanto, também nunca vão entender porque razão esse próximo quer mais é vê-los pelas costas;
- percebi, também, que há coisas que já não doem.
21.7.12
20.7.12
eu não sei se é efeito desta terra mas desde que estou em maputo parece que o mundo ficou, mais uma vez, de pernas para o ar. senão vejamos:
- recebi a notícia da morte (inesperada) de duas pessoas conhecidas;
- fui contactada por meia dúzia de pessoas com quem não falava há anos;
- um dos meus irmãos vai para cardiff;
(ah... e parece que vou ser tia, mas shiuu que ainda é segredo e estamos todos na expectativa a ver como corre...)
- recebi a notícia da morte (inesperada) de duas pessoas conhecidas;
- fui contactada por meia dúzia de pessoas com quem não falava há anos;
- um dos meus irmãos vai para cardiff;
(ah... e parece que vou ser tia, mas shiuu que ainda é segredo e estamos todos na expectativa a ver como corre...)
19.7.12
18.7.12
17.7.12
hoje sonhei. já há muito não acontecia, mas hoje sonhei. e foi tudo tão límpido e tão intenso que parecia verdade. vi rostos, e olhares e pormenores de expressão com detalhes assustadoramente reais. os meus sonhos raramente têm palavras. há uma espécie de entendimento surdo entre as personages. e há, também, sorrisos cúmplices. terminou, como quase sempre, numa explosão de luz e arrepios na pele. acordei gelada algures na madrugada de maputo. suspeito pois que foi muito mais do que um sonho.
de maputo: em tempos eu tive uma empregada doméstica. chamava-se célia. não era grande empregada doméstica mas, pelo menos, guardava a casa, cozinhava qualquer coisa e arrumava-me a roupa. eu, que não tenho de todo perfil de neo-colono, gostava imenso dela, fartava-me de rir com ela, pedia-lhe para me ensinar changana, insistia que ela provasse a nossa comida, pedia-lhe para me ensinar receitas de cá e coisas assim. éramos amigas. e ela sabia que se precisasse podia contar comigo. e precisou várias vezes. quando voltei a portugal a célia chorou, e quase me fez chorar. aparentemente, ainda hoje diz que eu sou a "menina dela". ora a célia quando veio trabalhar para minha casa, apesar de ganhar bem acima do ordenado mínimo, ganhava - como quase todos os moçambicanos sem grande formação - incrivelmente mal dentro dos nossos padrões (julgo que algo como cerca de 50 ou 60 euros na altura). esse dinheiro era quase só para pagar a escola dos filhos. para o resto das despesas, tinha uma banca em frente a casa onde vendia um pouco de tudo. quando o pai faleceu, pediu-nos ajuda para poder ir ao funeral lá no norte. e para pagar a festa de luto que é obrigatória não vão os espíritos ficar zangados. e nós, obviamente, demos. e assim foi levando a vida como pode, com um ex-marido violento pelo meio e uma casa de filhos para sustentar. hoje, 5 anos depois, a célia trabalha na copa de um escritório, continua com os seus negócios, mandou o ex-marido às urtigas com uns sopapos na tromba de brinde, está a tirar a carta de condução e o filho está a acabar a academia militar. quando há dias lhe ofereceram trabalho como doméstica disse que "pedia muita desculpa mas já não se vê a fazer isso e que sentia como se fosse andar para trás". a célia é uma das minhas heroínas.
16.7.12
de maputo: um lugar num infantário, com condições infinitamente inferiores ao standard dos infantários em portugal custa, por mês, cerca de 600 dólares. um lugar numa escola primária, com condições infinitamente piores ao standard das escolas primárias em portugal custa, por mês, à volta de 800 euros. nas escolas públicas, com condições quase sempre bastante más, também se paga, muitas vezes valores superiores aos ordenados médios. não, não estou a brincar.
do triângulo lisboa / maputo / lado nenhum: há um conjunto de sentimentos difíceis de gerir, o tempo ou a distância não o torna mais fácil. o espaço de pés enterrados no chão foi substituído por uma sensação de esvaziamento de peso. e passou a ser moldável. o tempo esse confunde-se nessa mistura do aqui e além.
15.7.12
13.7.12
do dia: sair com ar de verão, trabalho a rodos e, no fim do dia, a abertura oficial do escritório de um cliente. muita gente importante e eu, caída de paraquedas. "so this is the famous x?", pergunta aquele que é responsável pelo investimento de milhões nesta terra que precisa de quase tudo. risos. meus, claro. acabar o dia com amigos. e gin tónico, o meu gin tónico de maputo, o melhor de todos. sou feliz. muito feliz.
alguns episódios surreais da vida de x:
chegar a casa, abrir a porta, ouvir uma rajada de AK47 na rua, alguém dizer "baixa-te baixa-te não vá entrar uma bala pela janela", ficar encostada a uma parede uns minutos a ver se passava e, quando passou, ouvir algo como "pronto já podemos jantar".
ir num fiat uno podre numa rua escura, ficar sem luzes e sem travões ao mesmo tempo que o polícia nos manda parar e quase atropelar o homem. olhar para trás enquanto tentávamos fazer parar o carro e ver o polícia de AK47 em punho a correr atrás de nós. ver por fim a arma enfiada na janela e o polícia dizer "ela não leva cinto".
viajar de barco com o mar picado, quase ser lançada borda fora por causa dos saltos e, durante mais de 1 hora, pensar "ai que é hoje que morro" enquanto me agarrava com unhas e dentes a uma corda.
cair ao rio tejo, não saber nadar e ser salva pelos bombeiros.
andar à porrada com umas gang-leaders no bairro alto e partir-lhes a cara toda.
espetar com um saco de bifes a um carteirista na praça da figueira e obriga-lo a devolver-me o telemóvel. tudo sem tirar os óculos escuros.
ameaçar um agarrado com a sua própria seringa.
chegar ao carro pela manhã, vê-lo coberto de sangue, ir à esquadra e o polícia perguntar "tinha algum corpo no carro?".
ser investigada pela PJ por suspeitas de colaborar com uma rede ligada a terrorismo.
perder-me em Christiannia.
acordar de manhã e ver malta dos GOI pendurada no prédio da frente com snipers posicionados no telhado e tudo. ser depois escoltada até ao meu carro por um agente a cobrir-me a cabeça.
atravessar parte do mar do norte com um sueco de 2 metros e bêbado com a cabeça pousada no meu colo sem que me pudesse mexer e ser depois salva por um ciclista italiano.
ganhar uma viagem à Índia paga pela sumol-compal.
estar no alto das dunas da ilha de Bazaruto.
correr à frente de uma vaca no Gerês.
ser parada pela polícia Sérvia no alto de uma montanha, ver o carro ser revistado e ouvir os polícias perguntar "drugs, drugs, drugs?".
chegar à fronteira do Montenegro, um polícia saltar do seu posto depois de ver o meu passaporte e dizer "Cristiano Ronaldo".
ver gente correr com colchões às costas depois de um alerta de tsunami.
passar uma noite naquela que devia ser a pensão mais tétrica do Porto.
ficar com o carro pendurado num muro e ser salva por um pastor com um pé de cabra.
ver um leopardo a correr, ficar histérica e dizer "olha, um tigre de pintas".
12.7.12
de maputo: sobretudo, gosto de falar e de estar com as pessoas mais simples. as mais desprotegidas. as que trabalham a troco de ordenados que nos fariam corar de vergonha. são essas que me enchem de esperança na mudança. a dignidade delas é incrível no meio de tantas dificuldades. e o sorriso é largo. e a força de vida gigante. os ricos de cá, são iguais aos ricos de todo o lado.
de lisboa: recebi duas mensagens de pessoas completamente distintas e que fazem parte da minha vida por motivos absolutamente díspares dizendo ambas "tenho saudades tuas". se por um lado isso me parece estranho porque eu não sei bem o que é sentir saudade, por outro faz-me pensar na forma como a nossa vida se encruzilha com a dos outros.
11.7.12
é engraçado estar a 10.000 km e receber telefonemas das pessoas com quem trabalho todos os dias pedindo-me opiniões, dando-me satisfações, comunicando-me o andamento das coisas, pedindo que corrija, que aprove, que sei lá que mais... e no fim mandam beijos e dizem "não te atrevas a querer ficar aí". é engraçado...
10.7.12
o dia começou bem. acordei com uma luz imensa a entrar pela janela. no caminho para o escritório, disse bom dia a dezenas de pessoas. todas respondem. todas sorriem. todas agradecem. sinto-me bem. não ando. flutuo por entre as árvores imensas de colorido. chego ao escritório e vou directa à copa buscar o meu café. trabalho trabalho trabalho. rio pelo meio. converso com as pessoas. rio mais. almoço com um velho colega de histórias. rio mais. recebi uma má notícia vida de longe. fiquei sem palavras. voltei ao escritório. mais trabalho. o ritmo é frenético. o tempo escasso. ao fim do dia, rever velhos amigos. parece que foi ontem. a ligações não se quebram. uma preta e camarões para celebrar a amizade. amanhã há mais. maputo é bonita. já disse?
9.7.12
voltar a maputo é sempre algo entre o difícil e o ansiado. mas desta vez sentia algo diferente. um certo medo, creio. medo de reviver, apenas. não gosto de voltar onde já fui. é isso. cheguei a maputo já muito tarde. mal pus o pé em terra firme percebi porque me diz tanto esta terra - o sorriso, a simplicidade, a afabilidade e a tranquilidade dos moçambicanos transmitem-me paz. fazem-me sentir em casa. e feliz. alguém me esperava no aeroporto, pacientemente. e foi bom voltar a ver caras conhecidas. e foi sobretudo bom voltar a sentir que moçambique me é tanto. maputo é uma festa de cores em forma de flores inexplicáveis. e de sons de grilos à janela. de estrelas que não acabam. de sorrisos espalhados. e de "bons dias" atirados à sorte. hoje voltei a ser aquela menina pequenina que chegou em tempos de tótós empinados e olhar triste. e com um coração vazio e sedento. que foi depois tratado com este calor de gente. com este imenso horizonte que nos ensina que os limites são só definidos pela nossa vontade. aqui falaram-me aos ouvidos. e disseram "sabes x, as lágrimas não nos podem afogar."
8.7.12
2.7.12
salvo algum imprevisto, daqui a dias estarei de volta àquela terra doce e amarga que me arrancou o passado. espero voltar com mais um bocadinho de qualquer coisa. falta-me algo. não sei bem o quê. mas falta-me algo. e lá eu costumo ouvir as vozes que por cá se silenciam com a rapidez dos dias. e como preciso ouvi-las de novo.
28.6.12
26.6.12
22.6.12
a vida de x: na verdade é, quase sempre, meio aborrecida. e curta em tempo sem horas. por isso, x está em falta com meio mundo. com cafés atirados para um futuro que se queria próximo, mas que se vai alargando em distância. e com algumas vontades adiadas. o desligamento do mundo é, por isso, quase inevitável. x não gosta. mas não consegue fazer melhor. x anda cansada. dos dias e das gentes. mas anda feliz. e satisfeita com o que lhe caiu em sorte. mas a vida x também tem reveses. x, às vezes, desilude-se. mas depois diz para si "estás a ver x, nem sempre é paranóia tua. há pessoas mesmo más. ou só imbecis. mas vai dar mais ou menos ao mesmo, não vai?". mas a vida de x também tem pessoas boas. várias. e muitas surpresas. e, por entre altos e baixos, x vai andando. de cabeça erguida e sorriso nos lábios.
18.6.12
15.6.12
bem, na verdade o que custa é a bofetada inicial. o perceber que as pessoas são ridículas. e que o ridículo nos revolve o estômago e, literalmente, nos leva ao vómito. aconteceu de novo. e sim, revolveram-se-me as entranhas e, literalmente, fui ao vómito. mas acordei a rir. e de certa forma em paz com o ridículo do mundo. embora com uma vontade imensa de fazer como jesus cristo com os vendilhões do templo. mas eu é que sou parva porque os sinos já tinham tocado a rebate. lembrem-se: quando as frases são as mesmas a história repete-se! é simples não é?
(já agora, isto não tem nada a ver com o post anterior. esse não me revolveu as entranhas, só me fez rir. bom, e também me fez pensar que se calhar ainda estou ai para as curvas.)
(já agora, isto não tem nada a ver com o post anterior. esse não me revolveu as entranhas, só me fez rir. bom, e também me fez pensar que se calhar ainda estou ai para as curvas.)
percebemos que somos assim a dar para o antigo (e que andamos bastante afastados da realidade da noite lisboeta) quando somos convidados para uma grande rebaldaria por um casal de namorados com metade da nossa idade (ainda por cima giros os dois) e a nossa única reacção é ficar de boca aberta e pensar como sair discretamente sem fazer em demasia figura de parolos enquanto não nos sai da cabeça que naquela idade os moços deviam era estar a ver resmas de arco-íris e malmequeres e borboletas e tal...
14.6.12
às vezes tenho pena de ser assim. de não confiar. de esperar sempre o pior. e, por isso, de não deixar que me tomem por dentro. de pôr muros. mas a vida tem-me ensinado que as pessoas são extraordinariamente prevísiveis. e rarissimos são os casos que me surpreendem. os outros só me arrancam um sorriso triste. e um pensamento imediato: mais do mesmo. de qualquer forma, a decepção continua a ter o mesmo sabor amargo. e a causar-me convulsões de nojo. mas continuo a tentar convencer-me repetindo uma frase em silêncio: a náusea vai passar. a náusea vai passar. a náusea vai passar.
enfim...
29.5.12
dormi com fantasmas. e voltei a casa. sim, a essa casa onde as paredes encolheram espremendo-nos as forças. a essa casa cujos acessos se desenham quando os corpos se tocam. ou quando as almas se procuram. a essa casa que, apesar de tudo, detesto saber que existe. a essa casa que odeio por saber que é a única de onde não posso fugir.
23.5.12
10.5.12
4.5.12
18.4.12
da primeira vez levava uma mochila com roupa, um bilhete sem volta, um contacto de alguém que conhecia apenas vagamente e uma proposta de trabalho mal pago que nem sequer sabia se era séria ou não. desta vez vou trabalhar para uma das empresas actualmente mais invejadas na costa do índico.
continuo sem perceber os desígnios do mundo, contudo.
(ah... vou, mas é só por um bocadinho de tempo assim...)
9.4.12
era segunda feira. não me lembro bem a que horas. mas sei que estava na minha secretária ao pé da janela numa espécie de open space. do meu lado direito estava o Haje. em frente a Nídia e mais de esguelha a Dinema. à esquerda ficava a copa. onde a Otília misturava o ricoffy que me trazia logo de manhã cedo. a meio da manhã ela ia buscar badjias - sempre achou estranho que eu gostasse de badjias da rua. eu gostava. e comia. e ria muito de cada vez que ela olhava para os meus puxinhos e dizia "essa doutora não é igual às outras." um dia cheguei mais cedo do almoço e um grupo de colegas estava ainda sentado na mesa de plástico que havia na traseira da vivenda que nos servia de escritório. tinha uma mangueira gigante nesse pátio. e uma espécie de lagartos coloridos a que chamavam gala-gala -apareciam-me muitas vezes enquanto bebia café no jardim. ou fumava um cigarro. ou olhava o céu como que a pedir respostas. nesse dia que cheguei mais cedo, quando descia os degraus para o pátio, a Nídia disse para os outros "esta é igual a nós. e é mais preta que muitos pretos que eu conheço." sorri. fiquei contente. já fazia parte.
mas estou-me a dispersar... dizia eu que era segunda feira. estava mais ou menos há duas semanas em Maputo e sentia que o chão me recusava os pés. foi nesse dia que este blog nasceu. faz hoje cinco anos.
29.3.12
27.3.12
hoje lembrei-me. e ao lembrar-me percebi que quase havia esquecido. estranho como o tempo age. como reagimos a sua impiedade. e como, apesar de tudo, as formas se vão esvaindo. ficam as ideias sem corpo. os conceitos. a imateria de que se disfarça a falta mas que sustenta o que pedimos a seguir. não consigo ficar longe, contudo. talvez nem seja suposto. esquecem-se os traços. mas fica o que se não vê. e assim se distingue o que realmente importa. e se desnuda a razão porque as rugas não se lhe não sobrepõem. ja vos falei naquele fio brilhante que liga aquem e alem? se o não fiz, um dia faço. tenho apenas de deixar que ele brilhe de novo. anda mortiço. restando-lhe apenas pequenos reflexos de luz. por enquanto.
20.3.12
16.3.12
a sério. começa a ser um padrão. assim como uma coisa circular que se repete nas voltas. quase todos aqueles que em algum momento gostam muito de mim, chegam a um ponto que me passam a detestar. para todos os efeitos, assumo logo à partida que sou bastante coerente na minha incoerência. talvez seja esse o problema. eu sou só eu. e talvez seja exactamente isso que a muitos custa crer. é, há sempre aquela ideia inicial "ai e tal que tens de te adaptar e coiso...". pois que fique aqui assente: um adapto-me a muita coisa, menos a viver numa pele que não é minha. e se isso cai mal a alguém... olhem, azar!
13.3.12
são 1.49 h.
acordei às 8 h.
cheguei ao trabalho às 10 h.
cheguei a casa às 21.15 h.
(hoje nem foi muito a desoras)
comi. continuei a trabalhar.
(desta vez em casa)
mas não consegui acabar o que estou a fazer.
terei de acordar lá para as 7 h.
5 horas de sono.
(...)
são 1.55 h.
e é por isto que este blog anda desgraçado!
12.3.12
1.3.12
27.2.12
uma das coisas mais importantes que aprendi nos últimos anos, foi a importância do silêncio e da limpidez do horizonte. é o excesso de ruído em todos os sentidos que me tira a vontade de fazer parte do mundo. o ruído faz-nos perder tempo com o acessório, desconcentrando-nos do essencial. o ruído do excesso de civilização despreenche-me. deve ser por isso que estou a considerar passar férias sozinha. e longe.
15.2.12
13.2.12
invadiste o meu regaço. violentaste-o sem pena do sangue cru. levaste os restos na viagem sem regresso. lambuzaste-te num festim mórbido de origens em tempos negros. mas o corpo reacordou. o coração reaprendeu a bater. e o regaço que antes foi, jaz agora putrefacto. algures num sítio onde se não volta.
7.2.12
podia escrever sobre nada.
pois podia. mas não o sei fazer.
podia escrever sobre o desgaste que o tempo traz. sobre os silêncios desconfortáveis. sobre os amigos que já não são. sobre a vida que muda. sobre as conversas que passaram a ocas.
podia escrever sobre o fim.
pois podia. mas não o sei fazer.
podia escrever sobre o desgaste que o tempo traz. sobre os silêncios desconfortáveis. sobre os amigos que já não são. sobre a vida que muda. sobre as conversas que passaram a ocas.
podia escrever sobre o fim.
pois podia. mas não me apetece.
26.1.12
24.1.12
17.1.12
12.1.12
em anos que cabem numa mão, a minha vida transformou-se. eu transformei-me. o caminho foi difícil. e solitário. quando poucos acreditavam apostei até ao último suspiro. e não desisti. e chorei. e doeu-me. e doeu-me tanto. perdi quase tudo. do que fui restou quase nada. hoje sou mais bonita, melhor pessoa. hoje partilho grande parte dos meus dias com gente que me faz rir e que se ri comigo. e, sobretudo, que me respeita e que acredita em mim. hoje não tenho raivas. nem iras. nem lágrimas. hoje sou mais tranquila. mais eu. hoje disseram-me "tens de me ensinar a ter melhor feitio". apeteceu-me dizer de volta "obrigada por me veres mesmo sem saberes quem sou". não disse, mas um dia digo.
o destino é irónico. para além disso, o meu caminho tem algo de esquizofrénico. mas é meu. assumo-o, portanto. e divirto-me com a viagem. recuso-me a viver em esforço. afasto-me de conflitos e de atritos. não guardo rancores. não levo a vida, o mundo e a mim própria demasiado a sério. mas também não faço fretes. nem sinto ou faço de mentira. por isso hoje sou mais feliz. talvez este seja o segredo - estar em paz com o nosso desassossego.
10.1.12
1
Darest thou now, O Soul, Walk out with me toward the Unknown Region,
Where neither ground is for the feet, nor any path to follow?
2
No map, there, nor guide,
Nor voice sounding, nor touch of human hand,
Nor face with blooming flesh, nor lips, nor eyes, are in that land.
3
I know it not, O Soul;
Nor dost thou--all is a blank before us;
All waits, undream'd of, in that region--that inaccessible land.
4
Till, when the ties loosen,
All but the ties eternal, Time and Space,
Nor darkness, gravitation, sense, nor any bounds, bound us.
5
Then we burst forth--we float,
In Time and Space, O Soul--prepared for them;
Equal, equipt at last--(O joy! O fruit of all!) them to fulfil, O
Soul.
Walt Whitman
6.1.12
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