26.6.15


When the angels breathe - Cry

há uma inesgotável esperança, mas também há muita melancolia. e fatalidade. há a adrenalina de ir; e o querer ter vontade de ficar. há o querer explicar aos demais e não o conseguir. e há o caminhar permanente mesmo que o destino não nos seja muito claro. há o não desistir; o ir, ir sempre, até cair de rastos. e há a claustrofobia; e o esforço para ser aqui; e, depois, há a vontade de liberdade. silêncio. e, de repente, há o descolar do chão; e o mundo correr olhos dentro; tudo sem aviso. há um querer mais, sem saber exactamente o que é esse mais. há angústia por ir; e angústia por ficar. há a viagem permanente, mesmo quando se não sai do sítio. e há, também, uma pena desmedida por serem tão poucos os que nos acompanham. há uma felicidade quase tonta, embora colada a uma tristeza omnipresente. há vida fora do corpo; e um estado semi-letárgico de sonho permanente. no fim, caímos de joelhos no chão; mas com um sorriso enorme na cara. depois, começa tudo de novo. em loop. e é por isso que esta música é igual a x.

25.6.15

x está de volta a casa. por umas semanas só. depois volta para onde vai ficar por mais uns tempos. mas neste momento, neste preciso momento, x preferiria ficar aqui. em casa. na sua casa. x está a ficar cansada de vaguear algures. mas os próximos meses serão uma corrida insana. depois x há-de parar. e x precisa tanto de parar.

15.6.15

- oh x, estás a gostar?
- assim de repente, nem por isso!

14.6.15

x está como que anestesiada de tudo. apesar quase todo o seu mundo parecer estar a sofrer com dores de parto. tudo está a mudar. a nascer de novo. e isso é bom.

11.6.15

x hoje deu um mega trambolhão à porta da empresa. sim, x também se farta de fazer figuras tristes.

10.6.15

x é olhada de cima abaixo com alguma reverência. x acha que deve ser dos saltos das sandálias que usa que a fazem maior que os demais. mas, mesmo assim, não deixa de ser estranho. e é assim a vida de x por estes dias. dias algo alucinados, convenhamos. hoje x jantou com gente que dizem que é  -importante. x não se sentiu nem mais nem menos do que aquilo que é todos os dias, ela. ainda assim, x não deixa de pensar "como raio cheguei aqui pá!".
"this is x. you are taking her away from me and I am going to miss her a lot." x cruzou-se no elevador com o chefe de lisboa e com a equipa que está a liderar o projecto onde x vai estar durante os próximos tempos. x e o chefe adoram-se. x engoliu em seco. e pela primeira vez pensou "vou sentir tanto a distância". x acha que o chefe ficou com vontade de dizer "fuck it e volta comigo para lisboa!".

9.6.15

hoje, antes de sair de casa, x deixou dinheiro colado a um recado para a empregada para comprar insecticida. quando chegou a casa, x tinha o frigorífico cheio de legumes, uma mega sopa feita e um ananás quase gigante no cesto da fruta. a empregada de x parece a mãe de x.
x andava há muito tempo esquecida. esquecida de quem é. esquecida da sua capacidade de se adaptar. de sobreviver. e é isso que x tem voltado a sentir aqui onde está. x não queria estar aqui. mas está a fazer-lhe bem estar aqui. está a redescobrir-se num mundo que, apesar de tudo, lhe é novo. e estranho. um mundo que é um gigantesco salto no escuro. x estava confortável em lisboa. talvez até demasiado confortável. mas já nada era novidade. já nada metia medo. já nada a surpreendia. x estava a começar a ficar aborrecida com a vida. e consigo. aqui x está sozinha. tem gente à volta, mas está sozinha. e, na verdade, por enquanto, ainda não lhe apetece chamar as pessoas que tem à volta para perto de si. por enquanto, x sai cedo do trabalho. mais cedo do que alguma vez saiu. e fica muitas horas sozinha em casa. porque lhe apetece. não porque tem de ser. x nem sequer liga a televisão. ouve música. sempre. e está a saber-lhe bem. x sabe que esta fase vai passar. talvez até passe em breve. mas, por enquanto, é assim. hoje x andou a pé pela rua. sozinha. as pessoas sorriem. e dizem bom dia.  x devolve sorrisos. e cumprimentos. x sente-se leve. de novo. apesar de estar tão longe de tudo. mas x sente falta das pequenas rotinas. das caras de todos os dias. dos cafés e cigarros partilhados a deitar conversa fora com as pessoas que fizeram parte do seu dia a dia durante anos. mas x sente, sobretudo, falta de si. e talvez aqui se reencontre. e volte a sentir a enormidade das coisas. e, quem sabe, talvez volte a acreditar em magia.


o tédio de ter ainda pouco para fazer.

8.6.15


José González - Every age

e um dia o mundo x, um dia o mundo vai explicar-te o porquê do caminho. até lá, caminha. e abraça tudo o que se cruzar contigo. porque a tua vida é isso x, ir e cruzar-te com o futuro. mesmo quando disso não dás conta.

 oh x, és livre!
e x chega ao seu novo sítio de trabalho e a primeira coisa que acontece é ser apresentada ao "Project Leader" e ser convocada para a reunião semanal da "Leadership Team". ora o "Leadership Team" são 12 homens com ar de andar nesta indústria há muito muito tempo... e x! é caso pra dizer "ai foda-se"!"

7.6.15

x nunca teve tiques de burguesa. mas agora vê-se metida num mundo surreal, com uma empregada doméstica a tempo inteiro no sítio onde está, uma espécie de governanta em lisboa, e um motorista que a vem buscar e levar do trabalho. deus nosso senhor, às vezes, parece meio doido!


oh x, lembra-te que no teu coração cabe um gigante.
x já gostou de cozinhar. de misturar sabores e fazer coisas extravagantes. agora x detesta pegar em panelas e tachos e cenas afins. detesta. dá-lhe nos nervos de uma forma inexplicável.  quando tem mesmo de ser, x até cozinha. mas agora estando sozinha x sabe que o não vai fazer amiúde. x suspeita que as refeições que vai fazer em casa se vão resumir a coisas que não levem mais de 15 minutos a preparar. para além disso, x vai fazer o que há muito pretendia - ter uma alimentação maioritariamente vegetariana.
coisas que x odeia de morte: a musiquinha "os tais" do ex-pacman. garotos do INOV-Contact armados ao pingarelho. neo-colonos. gente malcriada em geral. e chá de tília, x detesta chá de tília.
"trust your heart if the seas catch fire, 
live by love though the stars walk backwards"

ee cummings

(porque x percebe tão bem o que isto quer dizer.)

x só trouxe o whitman. mas vai trazer também o cummings. e o rilke. x descobriu que dificilmente viverá bem sem eles ao pé. mesmo que lhes não toque com a frequência que gostaria.
#dia 3 - começou cedo. às 9h x já estava a caminho do porto. festa a bordo de uma espécie de nau. depois, transbordo para a praia num barco minúsculo. x odeia andar de barco. x odeia muita água junta. mas x adora o mar, desde que esteja a distância segura. no entanto, x meteu-se no barco e lá foi. ondulação, muita ondulação. e o primeiro banho de índico. x estava vestida, mas isso não interessa nada. festa na praia. viagem de volta à espécie de nau. almoço. festa de novo. chegar a terra. casa. tirar a roupa molhada. banho quente. enrolar-se na cama. adormecer sem querer. sonhar coisas estranhas. acordar. vestir-se. sair para jantar com amigos. festa até às 4h da manhã. voltar a casa. e algures ali pelo meio x teve um momento de silêncio com a sua cabeça. e disse para si "oh x, apesar de tanta gente à volta a solitude interior nunca te desacompanhará".

6.6.15



x.
- oh x, foste tu que pediste. agora x, aceita e segue com o sorriso cheio e os braços abertos.

5.6.15

x sempre quis ser independente. e livre. x é completamente independente. e livre. mas x começa a perceber que isso deixa mazelas, também. e que nos afasta de algumas pessoas. mesmo de algumas de quem gostamos muito. sobretudo daquelas que não lidam bem com a independência e a liberdade. nem suas, nem dos outros. mas essas pessoas, na verdade, não nos fazem falta. nada nos ensinam. nada nos acrescentam. pessoas dessas x não quer na sua vida. e há muito tempo que x fez as pazes com isso. x é independente e livre. e quem está com x está mesmo a sério. mesmo que esteja a alguns milhares de quilómetros de distância. e quando pessoas que estão, mesmo que estejam a milhares de quilómetros de distância, se encontram corpo a corpo, explodem estrelas no céu. e é isso que importa.
a vida de x nos próximos tempos:

- trabalhar num projecto magalómano a tempo inteiro
- trabalhar nos entretantos para a casa-mãe
- monitorizar 4 caixas de email
- carregar 3 telefones
- reportar a lisboa
- reportar a houston
- manter o contacto com os amigos via facebook
- manter o blog vivo
- escrever
- ouvir muita música
- rir, rir muito, enquanto pensa "oh x, tens uma vida desgraçada mas é tua!"

x tem com a palavra "saudade" uma relação estranha. x só sente saudade, ou falta, do que não teve ou do que não pensa conseguir vir a ter. o que tem, mesmo longe, existe. é certo. e x não esquece. nem quer perder. x sabe que está lá, guardado. até voltar. incondicionalmente. já o que x não teve, ou não pensa conseguir vir a ter, disso sim, x tem saudade, ou falta. 
#dia 2 - x levantou-se às 7h. a casa em absoluto silêncio. x está sozinha e vai estar sozinha o tempo quase todo. a casa é enorme. e silênciosa. parece que a rua não está lá. x precisa de arranjar um sistema de som. x precisa de música pela casa. x suspeita que não vai usar a televisão. vai ficar-se pela música. e pela escrita. só aqui, no blog, ou por outros sítios também. x ainda não sabe. mas x suspeita que serão tempos dedicados ao vazio de ruídos estranhos. a televisão sempre foi para x um desses. por isso, provavelmente, ficará calada, quase sempre. mas x dizia que acordou às 7h e a casa estava em absoluto silêncio. depois tomou banho. vestiu-se. pôs a maquilhagem. o perfume. as pulseiras. os anéis. bebeu um sumo. pegou no computador, no ipad, nos telefones, na carteira, nas chaves e no tabaco. saiu de casa. pela primeira vez nesta casa, x abriu a porta para sair para mais um dia. foi assim hoje. será assim por um ror de dias que ainda não têm bem um limite claro. será por um ano. ou um ano e meio. x disse que não queria que fosse nem mais um dia. sob pena de depois não querer voltar. e x está absolutamente convicta que quer voltar. de preferência rapidamente. para retomar a vida que deixou pendente. mas x não tem planos. a vida vai-se montando. como um puzzle. e x vai indo atrás dela. como se fosse ela que mandasse em x e não o contrário. mas x está-se a perder... dizia que saiu de casa pela primeira vez. depois apanhou a sua boleia e foi para o escritório. fez algum trabalho, mas pouco. almoçou com os colegas. riu-se com outros. partilhou histórias. parou para ouvir música. a música é a forma de x se sintonizar consigo. o dia aqui acaba cedo. e pouco depois das 17h já é noite. x saiu do escritório e veio acabar um trabalho para casa. o trabalho de x pode fazer-se em qualquer lugar. haja condições para isso. e x agora têm-nas. a casa é grande. talvez demasiado grande. e silênciosa, x já disse que a casa é silenciosa? e agora x vai jantar com os chefes. um deles que ainda hoje disse a x entre gargalhadas "e pensar que eu tive dúvidas em contratar-te por andares sempre de tótós empinados, meias estranhas e botas docmartens!"... a vida de x tem sido assim... e tem sido boa!
e x constata que, depois do iphone, usar um blackberry é um pesadelo!

((ASA)) - Open wings
19 de junho, Auditório do Seixal
20 de junho, Casa da Música, Porto
26 de junho, Teatro do Bairro, Lisboa

tem sido das coisas que x mais tem ouvido nos últimos dias. foi a maior surpresa que x teve nos últimos meses. é das coisas mais interessantes (e bonitas) que x descobriu recentemente. são portugueses e são extraordinários. felizmente, x estará em portugal nesta altura. por isso, x vai. claro que vai!
x acordou às 6.30h. saiu de casa às 7.45h. são 8.58h, e x está a trabalhar há quase uma hora acompanhada por música aos berros nos ouvidos. a música é o que mantém x ligada ao mundo. e x suspeita que estes próximos tempos serão em grande medida sustentados em sons que levam x para o sítio onde se sente bem. com música, x está bem onde quer que o mundo a leve. 

4.6.15

e a viagem correu bem. e x chegou e foi directamente para o escritório. e x passou o dia entretida a sincronizar telefones e computadores e etc. e depois uma amiga veio ter com ela e foram ao supermercado às compras. e x, de repente, percebeu "foda-se, tenho de comprar comida a sério que agora vou viver aqui!". e depois x chegou a casa. aquela que vai ser a casa onde x vai viver. é boa. é óptima. mas não é a sua casa. e assim, x caiu em si!
ipod, ipad, laptop 1, laptop 2, iphone, blackberry 1, blackberry 2... sou uma espécie de geek!
chegar às 6.30h da manhã e receber logo um sms a dizer "welcome back!" faz x sentir-se profundamente grata. x chegou. está tudo bem.

3.6.15



mala feita. desta vez serão só dezassete dias. dezassete dias para conhecer a casa, a equipa, o trabalho. x já sabe que vai ter enormes desafios pela frente. que vai ter resistências. e x sabe, também, que existem expectativas. muitas. e muito altas. x sabe que não será fácil. que não será nada fácil. x vai liderar um departamento com sete pessoas que têm nas mãos a obrigação de assegurar que um projecto megalómano funciona sem entraves e sem surpresas. caberá a x prevenir problemas, alertar para a possibilidade de eles existirem e, existindo, resolvê-los. desta vez são só dezassete dias. depois volta a lisboa e passadas três semanas volta ao sítio que será o seu poiso durante uns tempos. não será a sua casa. porque x não quer que seja a sua casa. por isso, na mala x leva roupa, e sapatos, e um cd e um livro. mais nada. x sabe que vai andar a vaguear em lado nenhum. x sabe, também, que vai sentir falta de coisas que quando as tem não lhes liga assim tanto. x sabe que vai ter surpresas. que vai chorar por nada. que vai rir por nada. que vai ser imensamente feliz. e que vai ter momentos irremedialmente tristes. x sabe que se vai sentir isolada. mais isolada do que o costume. mas que também se vai sentir livre. gigantemente livre. x sabe que o passo que está a dar lhe vai mudar a vida. x espera que seja para melhor. mas x sabe que vai andar sem norte e que a cabeça lhe vai fugir demasiadas vezes. e o coração, também. x sabe isso tudo. x sabe isso tudo demasiado bem. x vai sozinha. mais uma vez. e isso custa. até já!

2.6.15


Mono - Are you there?

é uma espécie de pânico da véspera. e há lágrimas que querem fugir. a tristeza e a felicidade cruzam-se muitas vezes no caminho de x. respira x, respira!
e o mundo caiu em cima da cabeça de x. e x passou a noite com pesadelos. e acordou ofegante e a tremer por todo o lado. e depois voltou a adormecer. e acordou já tarde. demasiado tarde. e bebeu um café na varanda da cozinha a olhar para os telhados de lisboa. e fumou um cigarro enquanto pensava que o caos tomou conta de si. e depois percebeu que não tem nada pronto. nem organizado. nem pensado, nem nada de nada. x viaja amanhã, e hoje está tudo de pantanas.
e um dia levamos um murro no estômago. como se fosse a vida a dizer "oh, deixa-te de merdas!". e nesse dia ficamos com a cabeça perdida em deambulações que nos são quase estranhas por termos andado demasiado tempo adormecidos. e nesse dia sabemos que conseguimos voltar a sentir coisas que pensávamos ter perdido pelo caminho. e nesse dia pensamos para nós "sim, é mesmo magia!".
x dizia há dias que à sua volta só via paredes a ruir. nos últimos dias ruiu mais uma que x jamais imaginaria que pudesse desfazer-se em pó. e caiu assim, puff... o mundo e a vida de x andam bizarros!

1.6.15

e quando um arrepio quente te toma o corpo e a cabeça foge para longe de tudo e um burburinho interior te rouba a fome... ui!
x não gosta de chocolate de leite. mas adora chocolate preto. x gosta tanto de chocolate preto que chega a ter delírios com chocolate preto. e se for acompanhado com espumante bruto, x rende-se.
o pai de x está internado no hospital. x foi de corrida ao norte visita-lo. depois encontrou uma tia que já nao via há muito. a tia de x pergunta como está x. x responde e acaba com um "ahhh e tal de depois vou para o texas!". a tia de x diz-lhe" porra x, estás igual ao que eras há 20 anos. tu não mudas!". pois, é verdade...
x está sozinha em casa. pela primeira vez na vida x está sozinha em casa. em silêncio. sem interrupções.  sem nada. e o mundo parece enorme. e sem tecto e sem chão e sem nada. o mundo de x passou a ser uma enorme bolha de ar. e flutua algures.