9.6.15

x andava há muito tempo esquecida. esquecida de quem é. esquecida da sua capacidade de se adaptar. de sobreviver. e é isso que x tem voltado a sentir aqui onde está. x não queria estar aqui. mas está a fazer-lhe bem estar aqui. está a redescobrir-se num mundo que, apesar de tudo, lhe é novo. e estranho. um mundo que é um gigantesco salto no escuro. x estava confortável em lisboa. talvez até demasiado confortável. mas já nada era novidade. já nada metia medo. já nada a surpreendia. x estava a começar a ficar aborrecida com a vida. e consigo. aqui x está sozinha. tem gente à volta, mas está sozinha. e, na verdade, por enquanto, ainda não lhe apetece chamar as pessoas que tem à volta para perto de si. por enquanto, x sai cedo do trabalho. mais cedo do que alguma vez saiu. e fica muitas horas sozinha em casa. porque lhe apetece. não porque tem de ser. x nem sequer liga a televisão. ouve música. sempre. e está a saber-lhe bem. x sabe que esta fase vai passar. talvez até passe em breve. mas, por enquanto, é assim. hoje x andou a pé pela rua. sozinha. as pessoas sorriem. e dizem bom dia.  x devolve sorrisos. e cumprimentos. x sente-se leve. de novo. apesar de estar tão longe de tudo. mas x sente falta das pequenas rotinas. das caras de todos os dias. dos cafés e cigarros partilhados a deitar conversa fora com as pessoas que fizeram parte do seu dia a dia durante anos. mas x sente, sobretudo, falta de si. e talvez aqui se reencontre. e volte a sentir a enormidade das coisas. e, quem sabe, talvez volte a acreditar em magia.

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