rasguei-te a pele com os dentes, mordi-te coração e cuspi-o, limpei a boca e segui.
19.4.18
17.4.18
hoje foi o dia em que x falou, a sala calou-se, o chefe mor suspirou de alívio e o chefe mor mor curvou-se perante x. hoje foi um dia bom. e foi o dia em que x percebeu que o seu amanhã está delineado há muito. comecou no dia em que x se dispôs a arriscar a vida. no mesmo dia em que x enterrou tudo o que tinha como certo e descobriu um enorme abismo de possibilidades. hoje foi o dia em que x percebeu que o seu futuro não é nada do que tinha antecipado. mas que passa por algo infinitamente maior. x pasma-se. mas, apesar de tudo, tenta seguir com os pés assentes no chão. x não se deslumbra mas, vendo bem, tem muitas razões para estar profundamente orgulhosa de si.
16.4.18
nas últimas horas, x foi embrulhada numa névoa que há muito já não sentia.
não é sensação nova mas causa sempre ambivalência e confusão.
é como quando temos a cabeça debaixo de água.
a sensação é de profunda liberdade, comunhão e conforto.
mas intuitivamente sabemos que temos de sair dali rapidamente sob pena de nos afogarmos.
a névoa que envolve x é como um gigantesco mar.
não é sensação nova mas causa sempre ambivalência e confusão.
é como quando temos a cabeça debaixo de água.
a sensação é de profunda liberdade, comunhão e conforto.
mas intuitivamente sabemos que temos de sair dali rapidamente sob pena de nos afogarmos.
a névoa que envolve x é como um gigantesco mar.
15.4.18
14.4.18
Sigur Rós - Starálfur
o sinal estava vermelho. o trânsito estava compacto. por minutos perdi-me no silêncio e nas gentes que desciam a rua a passo lento. no meio de corpos avulsos, vi-te. davas a mão a uma criança mais ou menos da idade daquela que um dia planeamos em silêncio mas que nunca tornamos real. ias estranhamente devagar. como se a vida te pesasse. não te vi os olhos, nem os traços que cantam a alma. seguia-te nas costas como que pronta a amparar-te a queda. ias de asas fechadas e de cabeça vergada ao chão. depois desapareceste no escuro. então o sinal abriu. o trânsito desfez-se. e eu segui, como que obrigada pela pressa dos demais. segui. contrariada. e à procura do resto da tua imagem sem, contudo, saber se havias estado realmente ali.
os nossos reencontros serão sempre assim - entre o real e o imaginário.
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