14.4.18


Sigur Rós - Starálfur

o sinal estava vermelho. o trânsito estava compacto. por minutos perdi-me no silêncio e nas gentes que desciam a rua a passo lento. no meio de corpos avulsos, vi-te. davas a mão a uma criança mais ou menos da idade daquela que um dia planeamos em silêncio mas que nunca tornamos real. ias estranhamente devagar. como se a vida te pesasse. não te vi os olhos, nem os traços que cantam a alma. seguia-te nas costas como que pronta a  amparar-te a queda. ias de asas fechadas e de cabeça vergada ao chão.  depois desapareceste no escuro. então o sinal abriu. o trânsito desfez-se. e eu segui, como que obrigada pela pressa dos demais. segui. contrariada. e à procura do resto da tua imagem sem, contudo, saber se havias estado realmente ali. 

os nossos reencontros serão sempre assim - entre o real e o imaginário. 

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