rasguei-te a pele com os dentes,
mordi-te coração e cuspi-o,
limpei a boca e segui.
30.6.21
Tindersticks - Let's Pretend
do retorno às profundezas. e de como encontramos a razão de ser lá no fundo.
em lisboa, algures em 2022. x vai.
29.6.21
Take me Home - Tom Waits & Crystal Gayle
a profunda vulnerabilidade da comunhão. as estrelas que crescem nos dedos e o resto que deixa de ser.
27.6.21
DeVotchKa - How it Ends
porque o percurso é feito de ciclos permanentes de morte e renascimento. de dormência profunda e despertares repentinos. porque tudo faz sentido, mesmo quando é dificil encontrar explicações. porque a fatalidade e a esperança se misturam. porque somos assim. porque sabemos.
26.6.21
Tindersticks - Tiny Tears
quando deixamos de correr - ou de estar em fuga - e, por fim, olhamos para o que resta em volta, percebemos que - apesar de termos avançado no caminho -, o que nos acompanha é o mesmo de ontem.
e que o que ontem era verdade - apesar de por vezes não o compreendermos ou não o aceitarmos -, continua hoje a ser.
há uma certa resignação ao perceber que por muito esforço que façamos, há coisas em nós que não estão na nossa disponibilidade mudar. porque o que é, é.
suponho que o segredo da felicidade está na aceitação. na compreensão derradeira do amor incondicional. e no reconhecimento de como este pode coexistir com outros sentires que não sendo menos importantes são certamente mais condicionados e se esgotam quando cumprem o seu propósito.
e um dia arrumamos a armas. e passamos a emanar a luz que nos volta a mostrar o caminho de casa. eventualmente lá chegaremos. até lá, vamos indo.
25.6.21
e um longo período de incertezas está finalmente a chegar ao fim. dentro de 15 dias, x recomeçará de novo. com a casa, mais uma vez, vazia. e pronta para acumular histórias novas.
Ben Howard - I will be Blessed
x tem estado em silêncio. e há muito tempo que não ouve música. x tem andado distraída com as miudezas da vida real. e em modo de defesa contra a adversidade. x precisou de estar assim para preservar a sanidade. e, por isso, auto-isolou-se numa existência mais prática.
x ficou vazia de quase tudo nos últimos anos. e, por incapacidade de gerir o ruído em volta, durante muito tempo, ficou, também, vazia de música. como que o universo a estivesse a obrigar ouvir apenas os sons que vivem dentro da sua cabeça. ou a ausência deles. x aprendeu a viver com isso. e a não mascarar coisas em sons. ou a não procurar respostas neles. x esteve apenas consigo, e com os outros poucos com quem se partilha.
mas, nas últimas semanas x tem vindo a sentir falta de coisas. várias. de pessoas. de alma. e de música, também.
x tem uma relação algo estranha com a música. e quando x volta aos sons que a fazem sentir engolida por algo maior do que si própria é porque a vida retomou o sítio onde abrandou. é o que tem acontecido nos últimos tempos.
e x, pouco a pouco, tem vindo a recuperar a sintonia com as coisas que a rodeiam. algumas simples e mundanas. outras mais sérias e não palpáveis nem passiveis de explicar em palavras normais.
desde há dias que x está à porta da sua "casa". e x não sabe ainda se quer ou não reentrar de onde há muito saiu. mas x sabe que tem de respirar fundo e voltar a passar para lá da linha de entrada. porque longe de "casa" nunca nos sentimos verdadeiramente plenos. e x não quer viver apenas pela metade.
23.6.21
Push the Sky Away - Nick Cave
x acordou assim.
4.6.21
vacina agendada. e isso quer dizer que x está a ficar velha.