15.5.15

é difícil não ter onde pousar os pés. mas x tem esta coisa: em encontrando pontos de fuga, eles descolam-se do chão amiúde. e depois é num sopro que a mente lhe começa a fugir para longe. o corpo segue-a, ainda que desdobrado em vários. x viveu muito tempo numa dualidade desconcertante entre lá e cá. o além e o aquém. depois prendeu os pés no chão em esforço. desconseguiu. o corpo perdeu de novo o peso. os arrepios de luz tomaram-lhe conta. x conhece tão bem esse sítio sem lugar onde o espaço e o tempo se confundem. a viagem anuncia-se sempre. primeiro suavemente, em tons inocentes e delicados. depois, sem aviso, explode tudo. e x é levada a velocidade de cruzeiro para algures. no fim cai exausta no chão. ainda assim, o movimento repete-se em círculos. e a viagem transforma-se em vício. porque lá, lá, o mundo é brilhante. e queremos mais, mais, mais... mesmo quando já estamos de joelhos caídos no chão. fica-se ofegante depois. e espera-se que o coração volte a ficar tranquilo. sobrevivemos sempre, mesmo quando parece pouco provável. eventualmente acordamos. e o mundo aqui continua igual. por dentro, fica tudo desconcertado.  

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